CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA ENTEROCUTANEA ESPONTÂNEA COMO COMPLICAÇÃO DE DIVERTICULITE : RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A doença diverticular do cólon é definida pela presença de pseudodivertículos no mesmo. A maioria dos pacientes são assintomáticos. Entre 10-25% dos portadores de doença diverticular irão desenvolver diverticulite, que pode evoluir com a formação de fístula em 14% dos casos. A fístula enterocutânea é uma das mais incomuns ocorrendo em cerca de 1-4% dos pacientes. Relataremos o caso de uma paciente que apresentou fístula enterocutânea espontânea em flanco direito como manifestação de doença diverticular.

RELATO DE CASO

Paciente L. P. C., 65 anos, feminina, hipertensa, obesa, admitida com história de abaulamento em flanco direito há um mês, com crises de dor local relacionada a esforços da musculatura abdominal. Evoluiu com drenagem espontânea de secreção de coloração marrom e odor fétido com débito médio de 400 mL/dia. Relatou diagnóstico prévio de diverticulite há 3 meses. Negou cirurgia abdominal anterior.
Inicialmente realizada incisão cutânea para drenagem do conteúdo e colocação de bolsa de colostomia para coletar o material, drenando conteúdo fecalóide e restos alimentares.
Solicitada TC de abdome que evidenciou extravasamento de contraste de alça jejunoileal no flanco direito com trajeto pela parede abdominal. Posteriormente realizada colonoscopia cujo laudo demonstrou uma fístula colo-cutânea com orifício em ceco e doença diverticular pancolônica.
Optado por jejum, nutrição parenteral total (NPT), inibidor de bomba de próton e octreotide. Evoluiu com significativa redução do débito da fístula para 200 mL/dia. No sexto dia foi optado por reintrodução de dieta oral e redução da NPT, mantendo baixo débito pela fístula. Foi progressivamente evoluindo dieta oral e reduzindo NPT até reintrodução de dieta oral total, hábitos intestinais normais e sem outras queixas. Paciente foi encaminhada para seguimento ambulatorial.

DISCUSSÃO

O risco de desenvolver diverticulite ou sangramento aumenta em pacientes obesos e tabagistas, além de mostrar aumento da incidência de abscesso diverticular ou perfuração. A prevalência da diverticulose aumenta com a idade. O paciente pode se apresentar com dor abdominal baixa, eventualmente associada a sinais de irritação peritoneal e alterações do trânsito intestinal. Ao exame podemos encontrar o paciente febril e pode haver massa abdominal palpável no local onde é referida a dor. O padrão-ouro para o diagnóstico dessa condição e de suas complicações é a tomografia computadorizada de abdome.
O surgimento de fístula é um evento raro podendo ocorrer em 14% dos casos e, dessa porcentagem, de 1-4% se apresentam como fístula enterocutânea.
As opções terapêuticas incluem tratamento conservador com jejum, NPT, uso de análogos da somatostatina e antieméticos. Essas medidas foram adotadas no manejo da paciente acima descrita obtendo resolução satisfatória e recebendo alta no nono dia de internação hospitalar.

PALAVRAS CHAVE

FÍSTULA ENTEROCUTANEA ESPONTÂNEA; DIVERTICULITE; CIRURGIA GERAL

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de Barretos - São Paulo - Brasil

Autores

Rodrigo Alves Abreu Coimbra, Rodrigo Fernandes Carcere, Jessica Spagnol Bose, Bruna Soares Leite, Daniel Teixiera Alencar, Raul Braga Almeida Cruz, Andre Luis Fermino, Guilherme Grici Hisatomi