TÍTULO

HERNIA DE LITTRE: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

As hérnias da parede antero-lateral do abdome consideradas raras denominam-se: Amyand, Garengeot, Richter, Spieghel e Littré. Elas em conjunto representam cerca de 7% de todas as hérnias da parede antero-lateral do abdome. A hérnia de Littré se caracteriza pela presença de divertículo de Meckel no interior do saco herniário e foi descrita pelo cirurgião francês Aléxis Littré em 1700. É um achado extremamente raro e poucos casos têm sido descritos na literatura.
O divertículo de Meckel decorre da obliteração incompleta do ducto onfalomesentérico, durante o desenvolvimento embrionário. Localiza–se freqüentemente na borda antimesentérica, a cerca 80 centímetros da válvula íleo–cecal e pode conter mucosa ectópica em 30% dos casos, sendo a mais comum mucosa gástrica. Seu diagnóstico pré–operatório é também raro e difícil, sendo feito na maioria dos casos no intra–operatório.

RELATO DE CASO

Paciente, 54 anos, sexo masculino, internado eletivamente em nosso serviço para correção de hérnia inguino-escrotal à direita, domiciliada, com evolução de aproximadamente 12 anos. Paciente com relato de dor moderada em local, porem sem apresentar relatos de encarceramento ou estrangulamento herniário.
Durante o ato operatório, após abertura do saco herniário em hérnia tipo Nyhus III B, identificamos segmento ileal em seu interior com divertículo de Meckel de base larga, sem evidentes sinais de inflamação. No entanto, parte distal do divertículo encontrava-se fortemente aderida ao fundo de saco. Realizado então enterectomia (diverticulectomia) manual, com ligadura em 2 planos. Procedimento realizado sem intercorrências, com paciente recebendo alta hospitalar na manha do dia seguinte.

DISCUSSÃO

As referências sobre hérnia de Littré em geral se reportam a poucos casos, por ser um evento raro.
No que se refere às complicações mais freqüentes em relação ao divertículo de Meckel temos: inflamação, perfuração, obstrução e sangramento, que são intercorrências que ocorrem somente em cerca de 2 a 3% dos pacientes. Na hérnia de Littré, o divertículo de Meckel pode apresentar ainda as complicações próprias das hérnias como encarceramento, estrangulamento, fístulas entero–cutâneas e obstrução.
No caso reportado, optou–se por conduta cirurgica em relação ao divertículo, já que sua porção distal correspondia ao fundo de saco, e o descolamento promoveu a abertura desse divertículo. Medrano et al 5, em quatro pacientes portadores de hérnia de Littré com divertículos sem complicações, optaram pela ressecção, obtendo bons resultados. No entanto, há relatos de outros casos similares, onde o segmento ileal é reduzido para a cavidade peritoneal após cuidadoso exame, e evolução do caso é bastante satisfatória.
Assim, a conduta pode ser discutida em relação ao divertículo de Meckel. A ressecção deve ser feita dependendo de complicações e achados intraoperatório, como estrangulamento, perfuração ou infecção; já o tratamento conservador é optado quando esses eventos não forem presentes.

PALAVRAS CHAVE

Hernia; Diverticulo Meckel

Área

ESÔFAGO, ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO