CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA BILIAR TARDIA EM PACIENTE COLECISTECTOMIZADO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Fístula biliar é definida como qualquer comunicação anômala que se estabelece entre a via biliar e os órgãos abdominais, sendo esta uma complicação rara da litíase biliar. Sua incidência ocorre geralmente em pacientes do sexo feminino e com idade avançada. Podem ser divididas em fístula bilio-digestivas, bílio-biliares e raras (acometendo brônquio, veia porta, entre outros), sendo diagnosticada, geralmente, no período intra-operatório, devido a sua clínica não ser característica.

RELATO DE CASO

A.R.S., 65 anos, foi admitido no pronto atendimento devido a dor de forte intensidade em hipocôndrio direito associado a vômito, acolia e colúria. Com antecedente de colecistectomia há 12 anos. Ao exame físico, encontrava-se ictérico (3+/4+) e Murphy +. Laboratorialmente, tinha na admissão FA 193, GGT 458, BT 11,4, BD 10,4, Colangioressonância evidenciando moderada dilatação das vias biliares intra-hepáticas com aerobilia e acentuada dilatação do ducto hepático comum + colédoco em toda sua extensão às custas de cálculos impactados predominantemente na região hilar. Foi realizada CPRE, que constatou presença de dois orifícios fistulosos, com drenagem de bile, um na transição bulbo-segunda porção e outro no limite proximal do infundíbulo, o que impediu a cateterização pelo orifício papilar. Notou-se múltiplos cálculos no colédoco, com dilatação a montante. Foi optado por inserção de prótese na via biliar pela fístula bulbo-segunda porção e nova tentativa de CPRE posteriormente. Paciente evoluiu bem pós procedimento, e teve alta com melhora laboratorial.
Após 28 dias depois, foi realizada reabordagem via CPRE, pela qual foi feita a retirada de protese plastica da via biliar inserida previamente, incisão do orifício fistuloso em direção ao infundíbulo papilar e dilatação do mesmo com balão dilatador, com retirada de alguns pequeno cálculos, seguido de nova tentativa de litotripsia dos maiores sem sucesso, restando ainda, pelo menos 2 grandes e outros menores. Paciente teve alta assintomático.
A incidência de fístula biliar é de cerca de 3-5%. Sua etiologia dá se devido à presença do processo inflamatório, promovendo aderência de estruturas vizinhas, mais comumente o duodeno e o cólon. Seu diagnóstico pode ser feito por uma radiografia, que evidencia ar na via biliar extra-hepática ou ultrassonografia, que detectar aerobilia, sendo ambos achados sugestivos de fístula bilioentérica.

DISCUSSÃO

O tratamento das fístulas bilio-digestivas depende da sua etiologia, podendo a correção primária ser feita nos casos onde não existe obstrução, devendo-se ressecar o trajeto da fístula e suturar o segmento intestinal envolvido. Nos casos de etiologia biliar, a atuação deve ser inicialmente na vesícula biliar, com colecistectomia, exploração radiológica da via biliar principal e coledocolitotomia se houver necessidade. Se houver dilatação das vias biliares extra-hepáticas, pode-se realizar drenagem, como papiloesfincteroplastia, anastomose bilio-digestiva ou drenagem com Kehr.

PALAVRAS CHAVE

fístula biliar, CPRE

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Santa Casa de Barretos - São Paulo - Brasil

Autores

Bruna Soares Leite , Fernanda Martins Minzon, Anna Carolina Albuquerque Belem, Rodrigo Alves Abreu Coimbra , RAUL Braga Almeida Cruz , Daniel Teixeira Alencar , Andre Luiz Fermino , Guilherme Grici Hisatomi