CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

QUILOTORAX POR PERFURACAO DE ARMA BRANCA

INTRODUÇÃO

O quilotórax é definido como presença de linfa no espaço pleural, tendo como causa a lesão ou obstrução do ducto torácico. Suas etiologias podem ser divididas em traumáticas e não traumáticas, sendo raras lesões por arma de fogo ou arma branca. O diagnóstico é feito com base no elevado conteúdo de triglicerídeos e na presença de quilomícrons. Seu tratamento pode ser conservador ou cirúrgico

RELATO DE CASO

T.C.S., 25 anos, sexo feminino, vítima de ferimento por arma branca, foi admitida instável, confusa, com perfurações em hemitórax esquerdo, direito, dorso e região clavicular esquerda. Ao exame: paciente em mau estado geral, hipocorada +/4+, sudoreica, FC 160 bpm, pulsos finos, MV presente bilateralmente, com estertores bolhosos grossos bilaterais. O abdome estava plano, RHA presentes, timpânico, indolor a palpação, FAST negativo. Optado por drenagem de tórax bilateral (débito a direita 1.100ml e esquerda 200ml ambos sanguinolentos), intubação e hemotransfusão (3 concentrados). Paciente foi estabilizada e encaminhada a UTI, no segundo dia houve mudança na coloração do dreno torácico direito, passando a ser róseo e de aspecto leitoso. O estudo do líquido pleural apresentou triglicerídeos 1784 mg/dL, fechando o diagnóstico de quilotórax por ferimento por arma branca. Iniciado tratamento conservador, com jejum oral, dieta enteral com triglicérides de cadeia média, mantendo monitorização do débito do dreno. Paciente evoluiu bem com melhora de cor e volume do débito do dreno direito, melhora de dor e desconforto respiratório, recebendo alta no 11º dia de internação.

DISCUSSÃO

Dentre das causas traumáticas de quilotórax, a iatrogênica é responsável por 80% dos casos, porém o trauma penetrante, como no caso relatado, é de 0.9%-1.3%. Ocorrem repercussões sistêmicas como desnutrição proteico-calórica, decréscimo de lipídios e vitaminas lipossolúveis, comprometimento imunológico. Pode ocorrer hipovolemia, depleção de eletrólitos, hipoalbuminemia e infecção. O objetivo do tratamento é causar a diminuição do fluxo de quilo e assim permitir o fechamento da fístula. A modificação da dieta e o repouso gastrintestinal contribuem para a diminuição do fluxo do quilo, principalmente pela alteração do conteúdo lipídico, pois a maioria dos lipídios ingeridos diariamente são triglicerídeos de cadeia leve que entram na corrente sanguínea por meio do quilo. Quando altera-se para triglicerídeos de cadeia média, não é necessário utilizar o sistema linfático, pois são diretamente absorvidos pelo sistema porta, auxiliando na resolução do quilotórax. O fornecimento de tais triglicerídeos deve ser progressivos. Esse processo pode ser feito via oral, ou por nutrição artificial, seja ela entérica ou parenteral. Esta última, utilizada nesse caso relatado, tem uma taxa de sucesso entre 60-100%. Devido a espoliação que os pacientes com quilotórax sofrem, o tratamento cirúrgico não deve ser procrastinado, deve-se tentar o tratamento conservador por até 2-3 semanas e considerá-lo após isso.

PALAVRAS CHAVE

Quilotorax, trauma

Área

TRAUMA

Instituições

Santa Casa de Barretos - São Paulo - Brasil

Autores

Bruna Soares Leite , Anna Carolina Albuquerque Belem, Fernanda Martins Minzon, Rodrigo Alves Abreu Coimbra , Daniel Teixeira Alencar , Raul Braga Almeida Cruz, Andre Luiz Fermino, Guilherme Grici Hisatomi