CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

TUMOR NEUROENDOCRINO CARCINOIDE EM APENDICE VERMIFORME

INTRODUÇÃO

Tumores neuroendócrinos (TNEs) malignos e originados de células neuroectodérmicas da mucosa gastrointestinal são denominados tumores carcinoides. Sua derivação embriológica do intestino primitivo posterior garante a capacidade secretória.
A maioria é esporádica, de comportamento indolente e não têm relação com fatores de risco conhecidos. São presentes em menos de 1% das apendicectomias, com quadro clínico inespecífico, mas normalmente assintomáticos.

RELATO DE CASO

Mulher, 20 anos, com dor abdominal de média intensidade há cinco dias, associada à evolução do quadro com surgimento de vômitos, diarreia e distensão abdominal. Houve parada de eliminação de fezes e flatos no dia anterior.
Constatou-se diminuição de ruídos hidroaéreos, dor à descompressão brusca em fossa ilíaca direita e hipertimpanismo. Evidenciava-se leucocitose de 16970/mm3 e níveis séricos de proteína C reativa 40,94 mg/dL. Apêndice vermiforme (AV) demonstrava-se com diâmetro aumentado e paredes espessadas em ultrassonografia.
A paciente foi submetida à laparotomia exploratória em que pôde-se detectar inflamação de AV, com coleção purulenta em abdome inferior e fibrina aderida às estruturas. Posteriormente foi realizada apendicectomia com confecção de bolsa de tabaco. A paciente recebeu alta no segundo dia pós-operatório sem intercorrências.
O estudo histopatológico da peça cirúrgica evidenciou AV com tumor neuroendócrino G1 (carcinoide típico) em extremidade distal comprometendo camada mucosa e muscular própria, medindo 1,1 cm.

DISCUSSÃO

O AV é o segundo sítio mais frequente de tumores neuroendócrinos no trato gastrointestinal. Sua etiologia não é esclarecida, mas existem princípios genéticos que expliquem sua gênese, principalmente a deleção do gene fosfolipase ß3 atrelado à apoptose celular.
A Sociedade Europeia de TNEs classifica-os em graus 1, 2 e 3 de diferenciação, quanto ao número de mitoses e os níveis de Ki67, um marcador mitótico.
Manifestam-se como apendicite aguda em 50% dos casos, normalmente por obstrução do AV devida ao crescimento tumoral e posterior infecção secundária. Costumam ser menores que 1 cm e, normalmente, localizados na extremidade do AV, dificilmente causando apendicite aguda obstrutiva.
Uma importante complicação é a síndrome carcinoide, presente em menos de 10% dos casos, relacionada à descarga sistêmica de aminas vasoativas, gerando dor abdominal, constrição brônquica e acometimentos cardíacos.
A maioria é diagnosticada após sua excisão em cirurgias motivadas por quadros sugestivos de apendicite ou doenças em outros órgãos abdominais.
A cromogranina A é o melhor marcador de TNEs, com níveis clinicamente significativos. O estudo histopatológico de peça cirúrgica é o padrão ouro por definir a conduta subsequente.
São melhor manejados por ressecção cirúrgica. Em tumores menores que 1 cm e maiores que 2 cm há unanimidade quanto ao manejo, entretanto, existem divergências quanto aos entre 1 e 2 cm.

PALAVRAS CHAVE

Neoplasias do Apêndice; Tumor Carcinoide

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Centro Universitário de Maringá - Unicesumar - Paraná - Brasil

Autores

Guilherme Henrique Silva Fogaça, Luiz Henrique Andriolli Della Tônia, Isabella Fernandes Cracco, Bener Augusto Souza Milani, Larissa Carine Carstens, Lucas Luis Fitipaldi Ferreira, Telma Aparecida Domingos, Alice Prado Valente Pocrifka