CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

HERNIA DIAFRAGMATICA CONGENITA DE BOCHDALEK EM ADULTO

INTRODUÇÃO

Erros no fechamento embrionário do diafragma geram falhas de continuidade conhecidas como hérnias diafragmáticas congênitas (HDC).
É comumente presente em recém nascidos como causa de insuficiência respiratória. Os adultos representam apenas 5% dos casos, em grande parte assintomática e apenas 1 a 5% de mortalidade. É um importante diagnóstico diferencial de abdome agudo.

RELATO DE CASO

Homem, 38 anos, portador de gastrite crônica, tabagista, etilista, relatava dor epigástrica intensa há dois dias, negando disfagia ou tosse. Referiu episódios de melena e vômitos. Sem história prévia de trauma torácico ou abdominal. Apresentava murmúrios vesiculares ausentes de 2/3 inferiores de hemitórax esquerdo e abdome em tábua.
Apresentava leucocitose e elevação nos níveis séricos de creatinina, lipase e amilase. Radiografia detectou hiperdensidade em 2/3 inferiores de hemitórax esquerdo, obliteração de recesso costofrênico ipsilateral e desvio de traqueia para a direita.
Durante laparotomia exploratória pode-se visualizar orifício de 4 cm em diafragma, com alças intestinais adentrando no tórax. Após abertura do orifício e redução do conteúdo herniário, realizou-se correção do defeito diafragmático. Em seguida, colocou-se dreno de tórax em selo d’água. O paciente recebeu alta no 6º dia após a cirurgia sem complicações.

DISCUSSÃO

HDC esquerdas são mais incidentes. Se localizadas posterolateralmente são denominadas hérnia de Bochdalek (HB). Sua etiologia não é clara, mas habitualmente há persistência do canal pleuroperitoneal, que se oclui entre a 8ª e 10ª semanas de gestação, sendo tal etapa relevante no desenvolvimento dos sistemas cardíaco e pulmonar fetais.
Os sintomas são relacionados à obstrução do órgão herniado, mas usualmente há herniação apenas de gordura visceral ou omento.
Alterações respiratórias são comuns em neonatos, decorrentes de hipoplasia e hipertensão pulmonares. Em adultos, sintomas vagos como náusea, dor abdominal ou torácica, dispneia e dispepsia dificultam o diagnóstico precoce.
O diagnóstico pré-natal é possível com ultrassonografia entre as 16ª a 24ª semanas de gestação, sendo útil para diagnóstico diferencial de teratoma e cistos mediastinais ou broncogênicos.
A radiografia é suficiente para o diagnóstico em adultos, mas com baixa sensibilidade. A HB tem apresentação radiográfica similar à colapso de lobo médio do pulmão direito, consolidações, atelectasia e massa mediastinais. Costuma-se associar sonda gástrica radiopaca para melhor interpretação radiográfica.
A tomografia é o padrão ouro para o diagnóstico por visualizar a espessura do diafragma ou conteúdo e localização da hérnia, mostrando-se essencial para excluir diagnósticos de pneumomatocele e derrames complicados.
A abordagem depende de complicações e quantidade de material herniado. Normalmente a via de acesso é abdominal, com sucessiva oclusão direta, havendo relatos do uso de próteses e retalhos.

PALAVRAS CHAVE

Hérnias Diafragmáticas Congênitas; Cirurgia Torácica

Área

TÓRAX

Instituições

Centro Universitário de Maringá - Unicesumar - Paraná - Brasil

Autores

Guilherme Henrique Silva Fogaça, Jessica Gomes Laccort, Pedro Henrique Garcia Parreira, Lais Cristina Rizzato, Giovanna Fonseca Feitas Martins, Bener Augusto Souza Milani, Hélio Rodolfo Assis Pereira, Pablo Gonçalves Souza