CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

ILEO BILIAR EM PACIENTE COM ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO E CIRURGIA ABDOMINAL PREVIA

INTRODUÇÃO

Íleo biliar é a obstrução mecânica causada pela impactação de um cálculo biliar maior que 2cm em um ponto de estreitamento do trato gastrointestinal, sendo o local mais comum na válvula íleo-cecal, levando a um abdome agudo obstrutivo. Este cálculo atinge o intestino através de uma fístula com o sistema biliar. Esta condição gera uma elevada morbimortalidade por atingir principalmente pacientes idosos, com condições clínicas deterioradas e doenças de base, sendo importante o diagnóstico precoce.

RELATO DE CASO

Homem, 59 anos, com cirurgia abdominal prévia por intussuscepção intestinal, hipertensão arterial, ex-tabagista. Deu entrada no hospital com dores abdominais em cólica no andar superior do abdome, vômitos biliosos, sudorese e parada de eliminação de fezes e gases há 60h.
Ao exame, evidenciou taquicardia, desidratação leve, abdome tenso, timpânico, ruídos hidroaéreos ausentes, doloroso à palpação superficial, descompressão brusca positiva, ausência de abaulamentos e retrações, esfíncter anal normotônico, sem lesões perianais; ampola retal com pouca quantidade de fezes; ausência de lesões tocáveis.
A tomografia computadorizada(TC) de abdome e pelve mostrou distensão de alças de delgado e vesícula biliar com paredes espessas e conteúdo gasoso. Após piora do estado do paciente e exames de imagem com sinais de obstrução, foi passada sonda nasogástrica, refluindo débito fecalóide. Realizou-se uma laparotomia exploradora. Após liberar grande quantidade de aderência das alças, efetuou-se avaliação do intestino delgado, evidenciando corpo estranho ovalado em íleo distal. Realizou-se enterotomia com remoção do cálculo de 3,5cm. Foi administrado ceftriaxone e metronidazol por 5dias, com boa evolução, recebendo alta no 5ºdia de pós-operatório.

DISCUSSÃO

O íleo biliar é raro e geralmente ocorre por atraso no tratamento da colecistopatia crônica calculosa. Seu diagnóstico é atrasado em 3 a 8 dias devido aos sintomas inespecíficos e dificuldade na suspeita de íleo biliar. Em 40-50% das intervenções em abdome agudo obstrutivo por íleo biliar, o diagnóstico é intraoperatório, corroborando com o relato. A literatura sugere o uso dos seguintes exames diagnósticos:raio X abdominal em pé para avaliar presença do cálculo ectópico, distensão das alças intestinais e pneumobilia, também vista no ultrassom; TC abdominal; ressonância nuclear magnética, a qual pode evidenciar o cálculo e a fístula. Estes exames foram realizados neste paciente, não visualizando-se o cálculo.
O tratamento pode ser realizado em um tempo cirúrgico, abordando-se o cálculo, fístula e vesícula ou em dois tempos, abordando-se apenas o cálculo inicialmente e via biliar e fístula abordadas eletivamente, a fim de evitar recorrência do íleo biliar, malignidade na vesícula, colangite e colecistite aguda. Quando não abordada, a fístula se fecha espontaneamente em 50% dos casos. A conduta deve ser individualizada a partir do estado clínico do paciente

PALAVRAS CHAVE

íleo biliar,fístula biliar,obstrução intestinal,colelítiase

Área

MISCELÂNIA

Instituições

FUNDAÇÃO UNILUS/HGA - São Paulo - Brasil

Autores

CAROLINE CARVALHO SILVA, ANA GABRIELA NEIS, ROBSON PARREIRA JUNIOR, FERNANDO Yochiteru Rolim SAKIYAMA, RODOLFO MARTINS