CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME DE REEXPANSAO PULMONAR APOS DRENAGEM DE PNEUMOTORAX ESPONTANEO PRIMARIO

INTRODUÇÃO

A Síndrome de Reexpansão Pulmonar (SRP) é uma complicação secundária rápida reexpansão do pulmão colapsado por derrame pleural ou pneumotórax. O quadro clínico é variável, podendo ir leve dispneia à insuficiência respiratória aguda.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 42 anos, com dispneia há 5 dias. Relatou antecedente de 4 pneumotóraces, sem tratamento definitivo. O exame físico não mostrava murmúrios a direita e, a radiografia do tórax confirmou o pneumotórax. Foi proposto tratamento cirúrgico, porém a paciente não consentiu. A drenagem pleural foi realizada com dreno tubular número 30. Após cerca de 40 minutos a paciente evoluiu com dispneia súbita, taquicardia, esforço respiratório e dessaturação.
O exame físico pulmonar mostrava presença de estertores crepitantes em todo hemitórax direito. Foi realizada uma tomografia do tórax que mostrou infiltrado alveolar difuso à direita. A paciente foi transferida para UTI, sendo feito balanço hídrico negativo, ventilação não invasiva e fisioterapia. Após 24 horas recebeu alta eupneica, com saturação de 96% em ar ambiente. Foi mantida internação por mais 2 dias, até o saque do dreno. Até o momento se mantém assintomática.

DISCUSSÃO

O primeiro relato de falência respiratória foi descrito em 1853 por Pinault, após a realização de toracocentese com débito de 3000 mL. Em 1988, Mahfood et al. caracterizaram a SRP como fruto da hipoxemia e da lesão alvéolo-capilar, cuja causa é o colapso pulmonar prolongado.
A etiologia é multifatorial. Alguns fatores envolvidos são: o trauma mecânico da reexpansão, aumento da pressão hidrostática no capilar pulmonar, perda de surfactante, aumento da permeabilidade vascular em virtude de mediadores inflamatórios e estresse oxidativo.
Segundo Echevarria et al. os principais fatores de risco são: pacientes jovens, tamanho do pneumotórax, colapso pulmonar por mais de 7 dias e drenagem de 3000mL de líquido pleural, com uma grande margem, que vai de 1000mL até 6000mL.
A SRP pode cursar com tosse de duração prolongada, dispneia, hipóxia, taquicardia, dor torácica e até instabilidade hemodinâmica. Os sintomas surgem em até 1 hora após a drenagem pleural, contudo, ainda há a possibilidade de ocorrerem em um período de 24 a 48 horas. Os achados na tomografia computadorizada incluem opacidades ipsilaterais, espessamento septal, consolidação e áreas persistentes de atelectasia.
A American College of Chest Physicians, recomenda que se evite drenagens maiores que 1 L de liquido ou ar. Há um consenso, no qual o volume máximo de drenagem é de 1200 a 1800 L de ar ou líquidos, e orienta-se parar a drenagem quando o paciente começar a tossir, sendo este primeiro sinal de alerta para formação de edema pulmonar.
O tratamento deve ser realizado com oxigênio complementar, ventilação não invasiva e uso de diuréticos. Em casos mais graves, pode haver a necessidade de ventilação mecânica invasiva e drogas vasoativas. Neste caso houve melhora apenas com VNI e balanço negativo.

PALAVRAS CHAVE

Edema pulmonar; pneumotórax espontâneo

Área

TÓRAX

Instituições

Universidade de Marília - São Paulo - Brasil

Autores

Gilmar Felisberto Junior, Claudio José Rubira, Ana Thereza Bissoli, Joyce Silva Viegas