CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

LINFOMA PRIMARIO NAO HODGKIN DE CELULAS B EM CECO

INTRODUÇÃO

O linfoma não-Hodgkin apresenta-se normalmente de forma sistêmica e disseminada, mas pode acometer sítios extra nodais, sendo o trato gastrointestinal (TGI) o local mais comum, sendo a maioria advinda de células B. É encontrado no cólon em menos de 1% das ocorrências no TGI, afetando preferencialmente o estômago. A incidência é maior dos 50 aos 80 anos, principalmente em homens. Manifesta-se com dor abdominal crônica inespecífica e difusa, hematoquezia, vômitos, febre, alterações de habito intestinal ou até mesmo abdome agudo.

RELATO DE CASO

Homem, 66 anos, relatando dor abdominal associada à inspeção e exame físico sem alterações. Ultrassonografia prévia revelava formação nodular cística em fossa ilíaca direita. O paciente foi submetido à laparatomia exploratória visualizando-se massa e bloqueio em região de ceco. Após dissecção do conteúdo e anastomose entre íleo e parte distal de cólon ascendente, o estudo histopatológico revelou presença de linfoma não-Hodgkin, possivelmente de células B.
Imediatamente foi observado sangramento em ferida operatória, havendo reabordagem cirúrgica, em que foi avistado sangue em cavidade abdominal e deiscência de anastomose.
Nos 2º e 3º dias de pós-operatório, passou a apresentar dispneia aos esforços, desconforto respiratório e quadro sugestivo de abdome agudo. O paciente foi encaminhado para Unidade de Terapia Intensiva, reavaliado pela equipe cirúrgica e, em nova laparotomia, evidenciou-se adesões, coleção líquida e necrose na região da anastomose. Foi feita dissecção de mesocólon e parte distal de cólon ascendente, e anastomose entre íleo e cólon transverso. O paciente evoluiu bem e recebeu alta no 8º dia após o terceiro procedimento.

DISCUSSÃO

A etiologia do quadro descrito é atrelada a infecções por H. pylori, HTLV-1, EBV, C. jejuni, HIV e outros fatores imunológicos. Sua patogênese envolve mutações em oncogenes importantes como BCL6, p53 e MYC.
A doença cursa com sintomas inespecíficos, dificultando o diagnóstico. Dores abdominais, sangramentos, diarreia, intussuscepção intestinal e, mais raramente, obstrução ou perfuração intestinal são presentes. Febre, sudorese, perda de peso e melena podem ocorrer. Parte dos pacientes apresentam quadros de emergência oncológica, incluindo síndrome de lise tumoral, compressão medular e hipercalcemia.
O diagnóstico é feito através de biópsia por colonoscopia ou análise histológica após ressecção cirúrgica. O estadiamento é feito pelos critérios de Ann Arbor e o tratamento vai desde cirurgia isolada até mesmo combinada à quimioterapia. O método cirúrgico mais utilizado é a hemicolectomia. A combinação quimioterápica é feita pelo esquema de drogas R-CHOP.
O prognóstico é estimado pelo escore International Prognosis Index (IPI). A taxa de sobrevida em 5 anos é inversamente proporcional ao IPI. A maioria dos pacientes encontram-se em risco intermediário e fatores como esquema de terapia citotóxica influenciam as taxas de sobrevida.

PALAVRAS CHAVE

Neoplasias do Ceco; Linfoma não Hodgkin

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Centro Universitário de Maringá - Unicesumar - Paraná - Brasil

Autores

Guilherme Henrique Silva Fogaça, Guilherme Francisco Mendonça, Diego Cela Guerra Oliveira, Gabriel Augusto Oliveira, Victor Gabriel Bertoli, Helio Rodolfo Assis Pereira, Bener Augusto Souza Milani, Alice Prado Valente Pocrifka