CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME POS PERICARDIOTOMIA EM LOBECTOMIA PULMONAR

INTRODUÇÃO

A Síndrome Pós-Pericardiotomia (SPP) uma complicação que pode afetar os pacientes submetidos a um trauma em que há uma violação do pericárdio. O diagnóstico é difícil e o tratamento é baseado por meio do uso de anti-inflamatórios não esteroides e o uso de colchicina.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 26 anos, com pneumonias de repetição à esquerda. Relatava cerca de 8 episódios pneumônicos por ano, além de sibilância intermitente somente no hemitórax esquerdo, sem melhora com sintomáticos.
A radiografia do tórax mostrava atelectasia do lobo superior esquerdo (LSE), sem outros achados à tomografia. A broncoscopia mostrou lesão intraluminal interessando o brônquio do LSE, cujo anatomopatológico mostrou tratar-se de tumor carcinoide típico.
A paciente foi submetida à lobectomia superior esquerda videotoracoscópica. Durante o procedimento houve lesão do ramo arterial para o segmento ápicoposterior. Foi feita toracotomia poupadora médio-anterior com necessidade de abertura do pericárdio para controle proximal da artéria pulmonar e resolução do sangramento. A paciente recebeu alta hospitalar no 7º PO.
Duas semanas após retorna com queixa de dispneia, apresentando taquicardia e hipotensão. Foi realizada uma tomografia de tórax que mostrou espessamento do pericárdio com importante captação de contraste.
Optamos por realizar nova pericardiotomia para descompressão, com melhora clínica imediata. A paciente teve ótima evolução pós-operatória, fez uso de 0,5 mg de colchicina por dia por 3 meses, mantendo assintomática desde de então.

DISCUSSÃO

A SPP é uma síndrome pleuropericárdica inflamatória que ocorre com mais frequência em procedimentos cardíacos, mas que raramente ocorre após cirurgias pulmonares. A incidência estimada da síndrome é ampla, afetando de 10 a 40% dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, atingindo crianças e adultos com a mesma frequência.
Os sintomas mais comuns são febre e dor torácica e tendem a aparecer nas primeiras semanas do pós-operatório, porém, podem ocorrer até meses após. A febre varia de 38 a 400C, aumentando de forma intermitente e está associada à sudorese, mas não a calafrios. A dor torácica é precordial ou retroesternal e descrita como do tipo “facada”. Outras manifestações incluiem dispneia, tosse não produtiva, disfagia, fadiga, hemoptise, desconforto abdominal superior e mialgia ou artralgia.
O diagnóstico da SPP pode não ser fácil. A presença de dois ou mais desses critérios estabelece o diagnóstico: febre sem causas alternativas; dor torácica pericárdica ou pleurítica; fricção pericárdica ou pleural; evidência de derrame pericárdico; derrame pleural com proteína C-reativa elevada.
O tratamento da SPP é baseado no uso empírico de terapia anti-inflamatória e devem ser estabelecidos tão logo os critérios diagnósticos sejam preenchidos, principalmente para alívio dos sintomas, sendo que os corticosteroides têm maior resposta em casos refratários.

PALAVRAS CHAVE

Síndrome pós-pericardiotomia
Lobectomia pulmonar

Área

TÓRAX

Instituições

Universidade de Marília - São Paulo - Brasil

Autores

GILMAR FELISBERTO JUNIOR, Cláudio José Rubira, Isadora Rubira Furlan, Joabson Ribeiro de Assis, Gerson Sardella Delsin