Dados do Trabalho
TÍTULO
CARCINOMA ADENOIDE CISTICO DE TRAQUEIA
INTRODUÇÃO
Tumores primários de traqueia são raros. Constituem pequena porcentagem das neoplasias malignas do trato respiratório. O carcinoma adenoide cístico (CAC) é a segunda causa de neoplasia traqueal primária. Os sintomas se assemelham a doenças comuns das vias aéreas, favorecendo o diagnóstico tardio. O presente relato demonstra um caso Carcinoma Adenoide Cístico de traqueia
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 47 anos, com achado de lesão intraluminal na traqueia. Há cerca de 3 meses apresentava episódios frequentes de tosse, eventualmente com expectoração amarelada, motivo pelo qual fez uso diversas vezes de antibióticoterapia. Além disso, relatava dispneia aos médios esforços, com melhora após repouso. Em nenhum momento apresentou estridor.
Devidos as diversas hipóteses de pneumonia, a paciente foi submetida à um exame tomográfico que revelou a presença de lesão nodular no terço médio da traqueia. Foi realizada uma broncoscopia que mostrou a lesão comprometendo cerca de 80% da luz traqueal. O estudo anatomopatológico mostrou tratar-se de um carcinoma adenoide cístico.
Foi realizada uma cervicotomia para exposição da traqueia cervical e parte da torácica. Com auxílio do broncoscópio foi feita abertura da traqueia em posição proximal ao tumor. Como o colo da lesão estava na porção cartilaginosa, foi realizada a retirada da lesão com margem mais segura e ampla possível. Após a cirurgia foi realizada radioterapia adjuvante e, até o presente momento, a paciente encontra-se assintomática.
DISCUSSÃO
CAC de traqueia é raro. A incidência é de menor 0,2/100.000 por ano. Tem sido reportado sem discrição de sexo, apresentando-se na quinta década de vida não associada ao tabagismo. Esses pacientes, apresentam expectoração, sibilância, dispneia e frequentemente são tratados como um quadro de asma.
Em termos de diagnóstico, a broncoscopia é o exame de escolha para identificar tumores endotraqueais, sendo possível definir a localização e a natureza do tumor. Além disso, a ressonância magnética pode identificar invasão mediastinal e de submucosa.
A primeira escolha de tratamento do CAC é a ressecção cirúrgica completa. Há alta chance de ter células tumorais nas margens. Nestes casos, a radioterapia pós-operatória torna-se indispensável. A cirurgia é absolutamente contra-indicada na presença de múltiplos linfonodos positivos, envolvimento de mais de 50% da traqueia, invasão mediastinal de órgãos irressecáveis, mediastino que recebeu dose de radiação maior que 60 Gy e metástase à distância. Para Pearson (1987), a radioterapia adjuvante se faz imprescindível para todos os pacientes devido a sua alta radiossensibilidade.
A média de sobrevida dos pacientes é de 90 a 118 meses para aqueles com ressecção primaria. Maziak descreveu que não há mudanças significativas na sobrevida de ressecções completas e incompletas. Já Gaissert et al, mostraram melhor sobrevida nos pacientes que realizaram ressecção com margens negativas.
PALAVRAS CHAVE
Carcinoma adenoide cístico
Traqueia
Área
TÓRAX
Instituições
Universidade de Marília - São Paulo - Brasil
Autores
Gilmar Felisberto Junior, Claudio José Rubira, Ana Thereza Bissoli, Isadora Rubira Furlan, Luís Felipe Becker de Oliverira, Joabson Ribeiro de Assis, Karina Boaventura Martinelli