CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

TUMOR DE CELULA DE SERTOLI EM TESTICULO CRIPTORQUIDICO ASSOCIADO A GINECOMASTIA EM PRE ESCOLAR - RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O tumor de células de Sertoli, também conhecido como androblastoma, é um raro tumor do estroma dos cordões sexuais que representa menos de 1% de todos os tumores testiculares. Ocorre, principalmente, em duas épocas específicas, alguns meses após o nascimento ou perto da puberdade, podendo ser malignos em ambos em 10% dos casos.
É dividido em três classes pela Organização Mundial de Saúde, sendo variante rica em lipídios, esclerosante e calcificação das células grandes. Alguns fatores têm sido correlacionados ao surgimento de tumores testiculares como administração de estrógenos durante a gravidez, que pode aumentar o risco de tumores testiculares nos filhos em até cinco vezes e a criptorquidia, que aumenta o risco de desenvolverem a doença em 50 vezes. O objetivo desse trabalho é apresentar um caso de uma criança portadora de tumor testicular associado a ginecomastia.

RELATO DE CASO

B.C.S., 2 anos, portador de ginecomastia bilteral, testículo não palpável associado a dosagens hormonais normais. USG e TC revelaram presença de testículo esquerdo intra-abdominal com massa circunscrita, heterogênea e com microlitíase. A videolaparoscopia confirmou a presença da lesão que foi ressecada por inguinotomia esquerda. A preservação do testículo e orquidopexia esquerda foi tecnicamente possível. O exame anatomopatológico mostrou tumor de células de Sertoli estadio I. Optou-se, então, pela orquiectomia. Houve regressão progressiva da ginecomastia.

DISCUSSÃO

O quadro clínico dos pacientes com tumor de células de Sertoli caracteriza-se pela presença de massa testicular anormal, geralmente unilateral, e alta produção de estrógeno derivada do tumor, que, em 20% dos casos, pode resultar em ginecomastia e impotência.
Além do exame físico, seu diagnóstico é baseado na ecografia escrotal com Doppler, tomografia abdominal computadorizada e marcadores tumorais séricos como α-fetoproteína e β-gonadotropina coriônica humana, podendo ser solicitado os níveis de testosterona, androsterona e desidroepiandrosterona (DHEA).
O tratamento sugerido é a orquiectomia inguinal com ligadura alta do cordão espermático, que é semelhante ao procedimento adotado para tumores de células germinativas malignos ou gigantes. A quimioterapia baseada em platina é sugerida quando há resquícios do tumor após a cirurgia e nos casos de disseminação metastática.
O caso apresentado corrobora com a literatura atual, que aponta para a raridade desse tumor em crianças e adolescentes e seu comportamento não agressivo. Eles devem ser considerados o diagnóstico diferencial das massas sólidas testiculares, mesmo sem alterações hormonais, pois estas estão presentes em uma minoria de casos. A paciente apresentou boa evolução nos três meses após a cirurgia, com regressão total da ginecomastia.

PALAVRAS CHAVE

Tumor do cordão sexual. Tumor de células de Sertoli. Criptorquidia. Ginecomastia.

Área

CIRURGIA PEDIÁTRICA

Instituições

UNICID - São Paulo - Brasil

Autores

VICTORIA CARNEIRO LINTZ, ILANA LORREINE PRADO