CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

ENXERTO DE MUCOSA ORAL PARA NEOVAGINOPLASTIA EM PACIENTE TRANSEXUAL: UM RELATO DE CASO E SEGUIMENTO CLINICO POR SEIS ANOS.

INTRODUÇÃO

A construção de neovagina em mulheres transexuais faz parte do processo de adequação de um indivíduo ao gênero com o qual ele se identifica. Diferentes técnicas cirúrgicas para a transgenitalização do masculino para feminino foram descritas na literatura; porém, ainda não existe uma técnica ideal. O objetivo é criar uma vagina e uma vulva funcional e estética, que permita relação sexual satisfatória com preservação da função miccional. Até o momento, não há relato do uso da mucosa oral para criar uma neovagina em pacientes transexuais. O objetivo desse trabalho é abordar a técnica de enxerto de mucosa oral realizada em uma paciente transexual e mostrar o resultado pós-operatório durante um seguimento clínico de seis anos. Além disso, mostrar e discutir o uso da mucosa oral como uma alternativa para pacientes que tiveram perda parcial ou total da neovagina com as técnicas convencionais.

RELATO DE CASO

Paciente, 41 anos, cariótipo 46 XY, nascida com fenótipo masculino, porém com a identificação para o gênero feminino desde os sete anos de idade. Foi avaliada pela psiquiatria e iniciado um tratamento multidisciplinar aos 24 anos no Hospital das Clínicas (HCFMUSP).Em agosto de 2010, a paciente foi submetida a genitoplastia feminilizante com a técnica de inversão peniana.No pós-operatório, evoluiu com prolapso da neovagina pelo reto através de fístula retovaginal de aproximadamente 7cm. O prolapso da neovagina foi ressecado e a fístula da parede retovaginal fechada. A paciente recebeu alta após seis dias, em bom estado geral, com ileostomia funcional e acompanhamento ambulatorial multidisciplinar. Após a cirurgia de correção, o reto e a neovagina tiveram uma boa cicatrização; entretanto, a neovagina remanescente ficou com apenas 2 a 3 cm, sendo então tentada dilatação vaginal, técnica utilizada em paciente com agenesia de vagina. Após seis meses de dilatação, o canal vaginal resultante ainda era estreito e curto. Após um ano, a criação de uma nova neovagina com enxerto de mucosa oral foi proposta e aceita pelo paciente. O novo procedimento foi realizado com sucesso em setembro de 2012, resultando em uma cavidade de 7cm de profundidade e 1,5 cm de diâmetro. Após o uso correto de dilatador e do acompanhamento clínico, foi possível observar excelente resultado estético e funcional, com profundidade e largura vaginais adequadas, sendo possível realizar o exame vaginal com espéculo número 2 sem desconforto para a paciente.

DISCUSSÃO

A técnica utilizando mucosa oral para neovaginoplastia é de fácil realização com bons resultados. Apresenta mínimo dano estético no local doador,baixo risco de complicações e permite a criação de uma neovagina muito próxima de uma vagina regular, funcionalmente adequada e com uma mucosa semelhante à do tecido normal. A mucosa oral é uma boa alternativa para pacientes que tiveram complicações cirúrgicas com outras técnicas ou pacientes com neovagina curta ou até mesmo em pacientes que tiveram perda da neovagina primária.

PALAVRAS CHAVE

#NEOVAGINA #MUCOSA ORAL #CIRURGIA

Área

UROLOGIA

Instituições

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (HCFMUSP) - São Paulo - Brasil

Autores

Marcelo Praxedes Monteiro Filho, Glauber Cerizza Silveira, Francisco Tibor Denes, Maria Helena Palma Sircili