CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA À DIREITA POR TRAUMA FECHADO DE ALTA ENERGIA

INTRODUÇÃO

Relato de caso de hérnia diafragmática traumática direita pós trauma fechado de alta energia com descolamento de todo diafragma desenvolvendo tardiamente atelectasia pulmonar total a direita e insuficiência respiratória com evisceração do fígado ocupando todo espaço do hemitórax direito. Acontecem em 19% das rupturas do lado direito sendo explicada pela contenção e proteção do fígado ao hemidiafragma.

RELATO DE CASO

PMS, 13 anos, masculino, motociclista, trazido pelo resgate pós colisão lateral, moto x automóvel, em alta velocidade, durante perseguição policial. Na admissão apresentava murmúrio vesicular diminuído a direita, saturando 98% em ar ambiente, pulso com 108 batimentos por minuto, pressão arterial de 130x80 mmHg, Glasgow 14, abdome indolor, bacia instável, escoriações e hematomas desde o tórax até coxa esquerda, com rotação lateral do membro inferior esquerdo. Submetido a tomografia computadorizada de corpo inteiro sendo evidenciado laceração hepática grau IV, laceração renal bilateral grau III, disjunção da sínfise púbica e sacroilíaca esquerda. Indicado via aérea definitiva sendo entubado e mantido em respiração mecânica. Optado por tratamento conservador abdominal e fixação externa da bacia pela ortopedia. Manteve-se entubado na Unidade de Terapia Intensiva por 23 dias devido alteração neurológica, apresentando insuficiência respiratória com atelectasia de todo pulmão a direita após extubação. Submetido a nova tomografia computadorizada de tórax visualizando-se herniação do fígado para o hemitórax direito, atelectasia total do pulmão direito com desvio do mediastino para esquerda. Submetido a laparotomia exploradora com ampliação para toracotomia direita sendo evidenciado diafragma totalmente desinserido e dobrado sobre si mesmo a 3 cm da linha média direita com o fígado ocupando todo espaço do hemitórax direito. Fixado em toda sua extensão com pontos em “X” de nylon 2.0 transpassando anteriormente pela costela e fixada na borda desinserida do diafragma. Mantido em respiração mecânica, traqueostomizado, por mais 21 dias com boa expansão pulmonar e contenção do fígado infra diafragmático. Alta hospitalar no 60 pós-operatório.

DISCUSSÃO

Ocorre devido gradiente de pressão entre as cavidades torácica e abdominal no instante do trauma, dotada de altas taxas de morbi-mortalidade. Incidência global de 0,8 a 5,8%, embora esteja em mais de 94% dos casos associada a múltiplas lesões (torácica, hepática, esplênica, pelve e craniana). São mais frequentes a esquerda. Apesar da melhora da acurácia dos métodos de imagem, 10% a 30% das lesões diafragmáticas não são diagnosticadas, mesmo quando utilizado radiografia e tomografia de tórax, ultrassonografia e lavado peritoneal, além do tradicional exame físico. Ainda que o diagnóstico possa ser difícil na fase aguda do trauma, lesões diafragmáticas devem ser sempre investigadas, uma vez que a evolução para a fase crônica está associada à presença de complicações e aumento da mortalidade.

PALAVRAS CHAVE

TRAUMA DE TÓRAX. HÉRNIA DIAFRAGMATICA.

Área

TRAUMA

Instituições

HOSPITAL ESTADUAL VILA ALPINA - SECONCI-OSS - São Paulo - Brasil

Autores

MÁRIO LUIZ QUINTAS, JÚLIO CÉSAR ARAÚJO NÓBREGA, FILIPE LAMOUNIER BARROS GUERRA, LEANDRO MARIANO SILVA, MARIA CRISTINA MIRANDA, ERIK ALBUQUERQUE, NATHALIA SOUZA OLIVEIRA, GUSTAVO GOMES QUINTAS