TÍTULO

MANEJO EMERGENCIAL DE MORDEDURAS CANINAS: UMA REVISAO SISTEMATICA

OBJETIVO

Feridas por mordidas caninas são um problema de saúde pública, sendo responsáveis por cerca de 1% dos serviços prestados por Centros de Emergência. Não há um consenso sobre o manejo desses ferimentos. Por serem feridas contaminadas, há um risco potencial para infectar, cujos sinais aparecem em média após 24 horas. Classicamente não se faz fechamento primário (FP) e se administra antibióticos profiláticos (AP). Nos últimos anos, entretanto, foram pulicados trabalhos que contradiziam essas práticas. Esta revisão sistemática busca elucidar tais divergências e, assim, poder guiar o manejo dessa enfermidade nos diversos Centros de Emergência.

MÉTODO

Este estudo se baseou no manual para revisão sistemática da Cochrane. Foram pesquisados ensaios clínicos randomizados (ECR) nas bases de dados MEDLINE, CENTRAL, EMBASE e LILACS utilizando um algoritmo para pesquisa de alta sensibilidade. Também foram procurados estudos que não publicados através da comunicação com os autores que já publicaram ECR sobre o tema de interesse desta revisão.
Os critérios de inclusão foram: [1] ECR; [2] Abordar FP ou AP em mordeduras caninas; [3] Apresentar pacientes atendidos dentro de 24 horas após a lesão; [4] Ter feridas limpas e desbridadas.
Foram selecionados para análise de inclusão artigos cujos títulos ou resumos pareciam ser relevantes para este estudo. Foi realizado levantamento dos vieses e meta-análise dos estudos com intervalo de confiança de 95%. Os resultados de interesse foram: índice de infecção total, índice de infecção nas diferentes regiões do corpo e resultado estético. Tanto a busca quanto a inclusão e análise qualitativa dos artigos foi feita independentemente por dois autores desta revisão.

RESULTADOS

Foram analisados 6 estudos de FP e 11 de AP, dos quais 4 e 5 preenchiam os critérios de inclusão respectivamente. Nenhum correspondente forneceu trabalhos não publicados. Dentre os estudos, três apresentaram viés desconhecido de seleção tendo um deles também alto risco de viés de atrito, e um apresentou alto risco de viés de seleção.
Ocorreram 44 infecções em 534 fechamentos primários ante 34 em 518 feridas não fechadas (p>0,05). Tiveram 6 infecções em 193 antibioticoterapias profiláticas ante 12 em 204 placebos (p>0,05). Os sítios que apresentam maior índice de infecção são os membros quando comparados com o resto do corpo (p<0,05), entretanto não houve diferença estatisticamente significativa no índice de infecção nas diferentes regiões do corpo entre as intervenções. O resultado estético teve diferença estatisticamente significativa em fechamentos primários (p<0,05)

CONCLUSÕES

Os resultados permitem concluir que há benefício em se realizar fechamento primário, tendo otimização estética sem diferença no risco de infecção em relação a não fechar a ferida. Sobre os antibióticos profiláticos, por estudos terem alto risco vieses e baixa amostragem, são necessários novos ECR para se ter uma conclusão sobre sua eficácia.

PALAVRAS CHAVE

Mordeduras caninas; Fechamento primário; Antibióticos profiláticos.

Área

TRAUMA