CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

VALVOPLASTIA MITRAL EM CRIANÇA COM INSUFICIENCIA MITRAL REUMATICA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A febre reumática é a principal causa de cardiopatia adquirida em crianças, sendo 30% das cirurgias pediátricas cardíacas no Brasil voltadas para o tratamento da doença valvar reumática, principalmente a insuficiência mitral. Dentre suas manifestações clínicas temos síncope, dispneia, astenia, arritmias e sopros, no entanto, graças ao tratamento cirúrgico de plastia valvar, tornou-se uma doença de manejo possível.

RELATO DE CASO

M.H.S.C., sexo feminino, 11 anos com histórico de febre reumática. Deu entrada ao Hospital Francisca Mendes com quadro de síncopes, sinais de ICC descompensada e caquexia cardíaca. Ao exame físico, apresentava-se com sopro sistólico V/VI audível em foco mitral irradiando para o dorso e ictus cordis palpável. Foi realizado eletrocardiograma, o qual evidenciou sobrecarga do ventrículo esquerdo, e ecocardiograma (ECO) compatível com valvopatia e hipertensão arterial pulmonar, a paciente foi diagnosticada com insuficiência mitral severa de etiologia reumática com classe funcional III (NYHA). Como medida terapêutica, a paciente foi submetida a cirurgia. Quanto a abordagem cirúrgica, foi realizada esternotomia mediana e pericardiotomia. Instalou-se circulação extracorpórea (42’), pinçamento de aorta (33’) e cardioplegia na raiz de aorta. Prosseguiu com atriotomia esquerda longitudinal, foi feito teste de competência da valva mitral com soro fisiológico (SF) que evidenciou escape importante da valva mitral e dilatação significativa do anel mitral com espessamento leve e retração dos folhetos mitrais. Optou-se por realizar plastia mitral tipo plicatura do anel mitral nas comissuras com pontos reforçados com pledge de teflon, sendo utilizado duas plicaturas em cada comissura pela técnica de Reed. Finalmente, foi realizado teste de competência da valva com injeção de SF no ventrículo esquerdo e observou-se excelente competência da valva mitral. O ECO de controle pós-operatório revelou valva mitral sem regurgitação, paciente teve alta hospitalar em 7 dias.

DISCUSSÃO

O tratamento cirúrgico da valva mitral tem a possibilidade da escolha entre a plastia ou substituição da valva. Quando possíveis, as plásticas estão atualmente preferíveis às trocas valvares. Considerada uma cirurgia conservadora, a plastia mitral requer conhecimento da anatomia e de seu funcionamento durante o ciclo cardíaco para associá-los com os mecanismos que causam a disfunção valvar. No Brasil, a etiologia reumática da patologia é prevalente, prejudicando possíveis resultados tardios devido à possibilidade de novos surtos da doença. Independentemente do fato apresentado, todo esforço deve ser feito a favor da plastia em razão da juventude dos pacientes, suscetíveis a maiores intervenções cirúrgicas durante a vida. Em adendo, a anticoagulação, necessária mensalmente na troca valvar, é de maior complexidade por ter um retorno constante ao serviço de saúde, além da calcificação precoce das próteses biológicas nessa idade.

PALAVRAS CHAVE

VALVULOPLASTIA, PEDIÁTRICA, FEBRE REUMÁTICA

Área

CIRURGIA PEDIÁTRICA

Instituições

Hospital Universitário Francisca Mendes - Amazonas - Brasil

Autores

MARIANA GUIMARAES DE OLIVEIRA CASTRO, NAHIDA HAUACHE FRAXE, DANIA HAUACHE FRAXE, MARIA CAROLINA RODRIGUES BEZERRA, AMANDA ROJO PAVÃO, GESSICA CAROLINE ANDRADE, ANTONIO OSMAN DA SILVA, Silas Fernandes AVELAR JUNIOR