CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

HERNIA DE AMYAND - UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A Hérnia de Amyand foi descrita pela primeira vez por Claudius Amyand em 1735. Tratava-se de uma hérnia inguinal com o apêndice cecal em seu interior (AMYAND, 1735). Esta patologia pode acometer qualquer faixa etária, mas é três vezes mais comum em crianças do que adultos (BALDASSARRE et al, 2009). A incidência da hérnia varia de 0,19% à 1,7% e associada à apendicite varia de 0,07 à 0,13%, e perfura em 0,1% dos casos.
O apêndice cecal pode ser encontrado em hérnias diretas ou indiretas (BURKHARDT et al, n.d.). A hérnia de Amyand normalmente é um achado incidental no intraoperatório por não apresentar um quadro clínico característico (HUTCHINSON, 1993; IVANSCHUK et al., 2014; SHARMA et al., 2007).

RELATO DE CASO

Paciente T.E.M., sexo feminino, 78 anos, internada na unidade de ortopedia, de um hospital público de Brasília–DF, devido à queda da própria altura e fratura transtrocantérica à esquerda no dia 14 de fevereiro de 2018. No 19º dia de internação, paciente evoluiu com quadro de confusão mental e abaulamento em região inguinal à direita associado a sinais flogísticos de grande lábio ipslateral. Foi solicitado parecer para a cirurgia geral por suspeita de hérnia inguinal encarcerada. Ao exame físico, paciente apresentava abaulamento em região inguinal direita associada à dor durante a palpação do grande lábio direito, que se encontrava com sinais flogísticos comparados ao lado contralateral. À tomografia computadorizada de abdome: presença de hérnia inguinal à direita com alça dilatada em seu interior, inconclusivo sobre a presença de íleo distal ou apêndice cecal. Foi submetida à cirurgia de urgência por provável hérnia estrangulada. No intraoperatório, observou-se a presença de hérnia direta encarcerada com moderada quantidade de secreção purulenta em seu entorno. Após abertura do saco herniário, visualizou-se apêndice cecal com moderada inflamação e perfuração em sua porção distal. Devido ao aspecto do apêndice e o quadro clínico da paciente, optou-se por realizar a apendicectomia e herniorrafia inguinal pela técnica de Bassini. A paciente evoluiu bem no pós-operatório, sem necessidade de antibióticos complementares e recebeu alta da cirurgia geral após 48 horas de pós operatório aos cuidados da ortopedia.

DISCUSSÃO

Por apresentar um quadro clínico semelhante ao de uma hérnia encarcerada ou estrangulada, exames complementares normalmente não são solicitados. Quando realizados, podem sugerir a presença do apêndice no conteúdo herniário, mas a confirmação só é realizada no intra-operatório (FITZGIBBONS et al, 2015). O tratamento da Hérnia de Amyand é cirúrgico e deve levar em consideração o aspecto do apêndice cecal. O reparo da hérnia depende do aspecto do apêndice. O uso de malhas é comprovadamente superior às técnicas que não utilizam malha (BURGESS et al., n.d.). Contudo, o uso de próteses é contra-indicado na vigência apendicite. Nessas situações outras técnicas cirúrgicas estão indicadas, com a de Bassini.

PALAVRAS CHAVE

Hernia, Amyand, Bassini

Área

MISCELÂNIA

Instituições

Instituto Hospital de Base do Distrito Federal - Distrito Federal - Brasil

Autores

Agatha Noleto de Souza Sieiro Conde, Rodrigo Silveira Rocha, Silvana Calais de Freitas, Luciano Delgado de Olival, Iuri Fernando Coutinho e Silva, Diego Fernandes Queiroga Pita, Paulo Romero Ferreira Júnior, Leonardo Tavares de Oliveira