CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME DE MIRIZZI: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A Síndrome de Mirizzi (SM) ocorre em 0,05 a 4% dos pacientes com diagnóstico de colelitíase, sendo caracterizada comumente pela obstrução do ducto hepático comum por compressão extrínseca do cálculo biliar impactado no infundíbulo vesicular.

RELATO DE CASO

N.B.O, 58 anos, diabética, internou no Hospital Municipal de Maringá referindo há 4 dias dor tipo cólica de forte intensidade em hipocôndrio direito associada a vômitos biliosos, febre, icterícia e colúria. Negou acolia fecal. Exames laboratoriais: hemograma com 6430 leucócitos e 4 bastões, bilirrubinas totais de 1,8, sendo 1,3 de bilirrubina direta, TGO 85, TGP 128, FA 189, amilase 75, PCR 46. USG de abdome com colelitíase e coledocolitíase com calculo distal de 1,4 cm e dilatação de hepatocolédoco de 1,44cm. Realizado CPRE com evidencia de coledocolitíase com aparente fístula colecistocoledociana completa (Mirizzi grau IV), realizada papilotomia ampla e passagem de prótese biliar. Com este diagnóstico a equipe optou pela realização de derivação biliodigestiva. Paciente evoluiu sem intercorrências e está em acompanhamento ambulatorial.

DISCUSSÃO

A icterícia obstrutiva tem como diagnósticos diferenciais a síndrome de Mirizzi, coledocolitíase, colangite esclerosante primária e neoplasias periampulares.
A Síndrome de Mirizzi é causa rara de icterícia obstrutiva sendo classificada em: tipo I (11%) com compressão externa do ducto hepático comum devido calculo no infundíbulo da vesícula ou no ducto cístico; tipo II (41%) com fistula envolvendo menos de 1/3 da circunferência do ducto biliar comum; tipo III (44%) envolvendo de 1/3 a 2/3 da circunferência do ducto biliar comum; tipo IV (4%) com destruição total da parede do ducto biliar comum.
Neste caso, o quadro clínico, laboratorial e exame de imagem são compatíveis com a literatura. As manifestações clinicas mais comuns são dor no quadrante superior direito, icterícia e febre. Os principais achados laboratoriais são elevação de bilirrubina e fosfatase alcalina. A ultrassonografia é um dos primeiros exames a serem realizados no rastreio e se evidenciar dilatação de vias biliares ou coledocolitíase prossegue investigação com exame de maior complexidade e nesta paciente optamos pela CPRE.
A CPRE pode confirmar o diagnóstico da SM, determinar a presença de fístula colecistobiliar e através da realização de esfincterotomia e passagem de stent pode descomprimir a via biliar, amenizando o quadro de icterícia obstrutiva.
Pela literatura, a abordagem cirúrgica indicada para a paciente com SM grau IV é a anastomose bilioentérica (coledocojejunostomia), pois a parede do ducto biliar foi destruída. No nosso serviço realizamos este procedimento sem intercorrências e paciente segue em acompanhamento ambulatorial com evolução satisfatória.
Por ser uma complicação rara na clinica cirúrgica, acreditamos que a síndrome de Mirizzi deva ser incluída como diagnostico diferencial de icterícia obstrutiva em pacientes com colelitíase.

PALAVRAS CHAVE

SÍNDROME DE MIRIZZI

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

UNICESUMAR - Paraná - Brasil

Autores

TATIANE HIGA SHINZATO, GELSON DOMINGOS BENITEZ, MATEUS NAGAFUGI GONÇALVES, JOSÉ ANTONIO PEREIRA NETTO, LUCAS DALL OGLIO, EMANUELE CAROLINE DA SILVA, ROGER KANENO INAFUKO