CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA BRONQUIOBILIAR: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A fistula broncoquibiliar (FBB) é uma rara entidade de etologia multifatorial. É definida como a passagem de bile para os brônquios, podendo estar presente no escarro. Pode ser congênita, decorrente de trauma toracoabdominal ou consequente de complicações e abordagens cirúrgicas da árvore biliar. O diagnóstico e tratamento são difíceis e apresentam alta morbimortalidade.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 29 anos de idade, proveniente da Bolívia e atualmente residindo em São Paulo / SP. Internou no HMCC com história de febre e tosse há várias semanas, sendo a suspeita inicial de tuberculose pulmonar.

Negava tabagismo e outras comorbidade, com exceção de três abordagens cirúrgicas prévias em seu país de origem: duas toracotomias (uma direita e uma esquerda) e uma laparotomia em quadrante abdominal superior direito (incisão de Kocher). Sabia somente informar que realizou todos os procedimentos para retirada de cistos.

Ao exame, paciente estava prostrada, febril, com murmúrio vesicular abolido em base pulmonar direita e com presença de bile no escarro (bilioptiase).

Pesquisa para Bacilo de Koch no escarro e sorologias séricas para HIV, Sífilis e Hepatites tiverem resultados negativos. Broncoscopia confirmou a presença de bile em brônquios direitos. Tomografia Computadorizada mostrou presença de grande massa hepática comunicante com lobo pulmonar inferior direito, envolta por tecido calcificado.

Paciente submetida à laparotomia e toracotomia exploradora: ausência de abscesso hepático e identificado grande cavitação em lobos 4B e 6 com bordas calcificadas aderidas ao diafragma. Na abordagem torácica foi encontrado aderências e grande fístula bronquiobiliar de cerca de 1,0 cm de diâmetro em porção ínfero-posterior do lobo inferior direito. Realizada a rafia da fístula e do diafragma. Deixado dreno túbulo-laminar sentinela em cavitação hepática.

Paciente permaneceu na UTI no pós-operatório imediato, sendo encaminhada à enfermaria cirúrgica. Drenos abdominal e torácico com baixo débito, sendo ambos retirados após sete dias. Recebeu alta para seguimento ambulatorial com melhora no quadro febril e pulmonar.

DISCUSSÃO

A FBB é uma patologia rara de etologia multifatorial, descrita pela primeira vez em 1857 por Curvoisier. Pode ser congênita ou secundária a trauma toracoabdominal, abscessos hepáticos, hidatidose hepática, coledocolitíase, cirurgia ou neoplasias hepatobiliares. Bilioptiase é o achado patognomônico.

Atualmente, são descritos diversas terapias endoscópicas, porém com sucesso limitado. Dessa forma, a abordagem cirúrgica é a conduta de escolha.

O tratamento definitivo requer uma abordagem abdominal com interrupção do trajeto fistuloso e controle do processo infeccioso e inflamatório. Em casos de diagnóstico e tratamento precoce, a abordagem torácica pode não ser necessária. Já em casos de demora diagnóstica, a toracotomia pode ser salvadora.

PALAVRAS CHAVE

FISTULA BRONQUIOBILIAR, TORACOTOMIA, BILIOPTIASE

Área

TÓRAX

Instituições

HOSPITAL MUNICIPAL DO TATUAPE - São Paulo - Brasil

Autores

MAURO RAZUK FILHO, DANIEL SAMPAIO MENDES, JOAO MANOEL BRANDAO CAMILO, VIVIANNE CAIXETA MONTEIRO, BIANCA STAWINSKI PRADO, LUCIO RAVEL ANDRADE, MARCELO GRANDINI SILAS, HISASHI AOYAGI