CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

HEMATOMA SUBCAPSULAR HEPATICO ESPONTANEO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Hematoma subcapsular hepático espontâneo é um evento raro e sub diagnosticado. Mais comumente associado a CHC e adenoma hepático. Não há consenso sobre a indicação e o momento da cirurgia após estabilização hemodinâmica, sendo o papel e o momento da ressecção hepática controverso.

RELATO DE CASO

MGRS, 42a, mulher, admitida em D1 com dor em HCD associada a náuseas há 2 dias. HPP: HAS em uso de antihipertensivo e ACO. Exames:

Prévios - Hb 14,0 GL 18.300 PCR 10 TGO 264 TGP 317 FA 50 Amilase 40 BT 0,4
D1 - USG: Presença de imagem heterogênea em fígado, segmentos VI e VII.

D1 - TC: Lesão heterogênea em segmentos VII e VIII e coleção subcapsular hepática, presença de pequena quantidade de líquido livre em pelve.

D2: Hb 7,9 GL 17370 PLQ 250000 PCR >90 TGO 125 TGP 592 FA 118 GGT 210 RNI 1,16 AP 76%

D2: Laparoscopia: Hematoma subcapsular hepático associado a hemoperitônio pequeno, destelhamento de capsula e higienização. Boa evolução pós op.

10º DPO - RNM: Coleção subcapsular hepática D comunicando com loja no parênquima de segmento VII. Formação de sinal heterogêneo, e contornos lobulados, com dimensões de 7,6x7,3x6,5 cm sugestiva de hematoma, sendo sua etiologia indeterminada.

Submetida em 18º DPO à hepatectomia lateral direita não regrada. Paciente com boa evolução pos operatória, recebeu alta em 7º DPO

DISCUSSÃO

O manejo inicial de todas as hemorragias hepáticas espontâneas se faz com monitorização e suporte hemodinâmico. O diagnóstico entre AH roto e CHC pode ser difícil em caso de sangramento recente, porém CHC é raro em mulheres jovens sem doença hepática de base. Adenomas hepáticos tem potencial de hemorragia e transformação maligna. Uso de ACO, tamanho > 5 cm, crescimento exofítico e subtipo inflamatório estão associados a maior risco de sangramento. Entre os diferentes subtipos, b-catenina exibe os maiores riscos de transformação maligna e são mais prevalentes na população masculina. Indicações clássicas orientam ressecção de adenomas rotos, independente do tamanho, devido a risco de novo sangramento ou malignização. Porém, estudos recentes tentam demonstrar a segurança do tratamento conservador, sendo em adenomas < 5 cm, razoável o acompanhamento clínico do paciente. Já em casos de adenomas atípicos ou com risco de degeneração maligna, ressecção deve ser realizada de forma mais precoce. Outros orientam ressecção de todos os casos de adenomas rotos entre 5 e 70 dias após estabilização hemodinâmica. Estudos demonstraram que a taxa de ressangramento foi de 4,3% e ressecção cirúrgica deveria apenas ser considerada em tumores mantendo > 5 cm em seguimento hepático após 6m de cessação de uso de ACO e perda de peso.
Mais estudos são necessários para orientar a indicação e o momento cirúrgico, sendo os subtipos de adenoma uma opção de correlação de prognóstico da lesão. Na ausência de estudo adequado, a decisão de tratamento conservador deve ser associada a seguimento multiprofissional.

PALAVRAS CHAVE

hepatectomia, hematoma hepatico roto espontaneo, adenoma

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

HOSPITAL JULIA KUBSTICHEK - Minas Gerais - Brasil

Autores

Raquel Ferreira Nogueira, Leonardo do Prado Lima, Tarcísio Versiani Azevedo Filho, Luis Fernando Resende Marques, Felipe Figueiredo Maciel, Thais Andressa Silva Faier, Phelipe Gabriel dos Santos Santana, Pedro Henrique Carazza Silva