CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO: TRATAMENTO ENDOSCÓPICO DE FISTULA PÓS ESOFAGECTOMIA

INTRODUÇÃO

Acalasia é a perda do relaxamento do esfíncter esofagiano inferior. A doença é suspeitada em pacientes com sintomas de disfagia, dor retroesternal e perda de peso, com ausência de lesões ou obstruções no trato gastrointestinal em exames complementares. Esofagectomia é o tratamento definitivo, reservado para casos refratários ou graves, devido sua complexidade. Estudos mostram incidência de 40% de complicações locais e mortalidade geral de até 10%. Fístula da anastomose esofagogástrica é uma complicação comum, sua incidência varia entre 5% a 40%, ocorrendo principalmente entre o 10º e 15º PO e tendo uma mortalidade geral de 2% a 12%. Nosso relato de caso tem como objetivo mostrar o resultado de um tratamento para essa complicação, a dilatação da anastomose esofagogástrica em múltiplas sessões de endoscopia.

RELATO DE CASO

Feminina 40 anos queixa de disfagia progressiva e dor retroesternal desde 2011, associado a perda de 35kg no último ano. Antecedentes de acalasia primária refrataria, tratada com duas cardiomiotomias (2011 e 2015) e uma cirurgia de Merendino em 2017. Em 2018 atendida no hospital das clínicas da FM USP. Exame físico de entrada: Peso 37kg e IMC: 14 Kg/m2. Endoscopia digestiva alta evidenciou megaesôfago, manometria, aperistalse do esôfago. Devido a quadro grave de desnutrição e refratariedade foi optado por realização de esofagectomia. Foi então submetida ao procedimento, via transmediastinal, com reconstrução com tubo gástrico e anastomose gastro esofágica término-terminal em região cervical. No 11º Pós-operatório apresentou fístula da anastomose de pequeno debito. No 14º PO foi submetida a uma nova endoscopia para realização de dilatação da anastomose para tratamento da fístula. No 15º dia teve alta hospitalar, com retorno periódico para realizar novas dilatações por endoscopia. Na 1ª semana de seguimento, estava aceitando dieta pastosa via oral e com peso de 44kg e IMC 17kg/m2. Na 4ª semana, aceitando completamente dieta e com peso de 57kg.

DISCUSSÃO

O tratamento endoscópico da fístula em múltiplas sessões vem ganhando aceitação e mostrando resultados promissores, pois é um procedimento com baixa morbidade. Estudos mostram taxas de complicações baixíssimas (< 5%). O procedimento se justifica pois, com a dilatação do tubo esofágico, o alimento passa preferencialmente por esta via, e o débito da fístula diminui, facilitando o seu fechamento. Segundo Neto PT et al, pacientes submetidos a dilatação endoscópica apresentaram média de 12 dias de internação, e 11 dias para fechamento da fístula, enquanto os tratados clinicamente, apresentaram média de 26 dias de internação e 25 dias para fechamento da fístula. Em nosso caso, optamos por tal abordagem, e os resultados foram condizentes com a literatura, mostrando a eficiência deste tratamento. A paciente permaneceu internada por 15 dias e apresentou fechamento da fístula em 11 dias. Em acompanhamento tardio, apresentou ganho de peso, melhora progressiva da disfagia e melhora da qualidade de vida.

PALAVRAS CHAVE

Fistula endoscopia

Área

ESÔFAGO, ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

HC - FMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

Henrique Simonsen Lunardelli, Soo Jin Lim, Andrea Jeammy Perez, Ernesto Diniz, Roberto Rasslam, Alberto Bitran, Luis Gustavo Gusberti, Cindel Nogueira Zullino