CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

AGENESIA DE VEIA CAVA INFERIOR

INTRODUÇÃO

A agenesia de veia cava trata-se de uma rara malformação vascular. Em grande parte das vezes diagnosticada em pacientes assintomáticos, como achado de exame tomográfico ou durante procedimento cirúrgico, por exemplo. É decorrente de embriogênese aberrante entre a sexta e oitava semana de vida fetal, quando ocorre a formação do sistema venoso. Clinicamente manifesta-se como síndrome trombótica em jovens. Este caso é de um paciente feminino, 47 anos, admitido no pronto socorro de cirurgia geral devido a quadro de abdome agudo e agenesia diagnosticada acidentalmente por estudo tomográfico.

RELATO DE CASO

J.RF.S., 47 anos, sexo feminino, internada para investigação de abdome agudo. História de três semanas de dor abdominal em hipocôndrio direito, tipo cólica, associado à náusea, vômitos, hiporexia, parada de eliminação de fezes e perda ponderal. Negava febre, icterícia ou edema. História prévia de diabetes melitus e hérnia umbilical. Ao exame físico, abdome atípico, hérnia umbilical de cerca de 10cm sem encarceramento, pouco distendido, ruídos hidroaéreos presentes, doloroso à palpação de hipocôndrio direito, sinal de Murphy negativo e ausência de sinais de peritonite.

Realizados exames laboratoriais e de imagem, sendo diagnosticada com colecistite e realizada colecistectomia laparotômica. Exame anátomo-patológico confirmou diagnóstico. Paciente evoluiu com melhora clínica e recebeu alta hospitalar assintomática. Durante investigação do quadro de abdome agudo, evidenciado em tomografia computadorizada, agenesia de veia cava. Paciente negava histórico trombótico ou outras queixas vasculares.

DISCUSSÃO

A embriologia é um processo complexo e suscetível a inúmeros erros, gerando fetos com malformações significativas ou não. Dependendo da idade, um dos sistemas pode ser mais afetado que o outro. A formação da veia cava ocorre entre a sexta e oitava semana, podendo levar desde variações anatômicas como transposição com prevalência de 0,2 a 0,5%, duplicação em 0,2 a 0,3 %, continuação da veia ázigos com a veia cava inferior em 0.6 a 2,0% até disgenesia, que engloba a hipoplasia, a atresia e a agenesia da veia cava. Essas alterações comumente levam ao desenvolvimento de circulação colateral, maior risco de trombose venosa profunda e insuficiência venosa. Dessa forma, a apresentação clínica típica é de eventos trombóticos extensos em pacientes jovens sem fatores de risco associados. Os métodos radiológicos padrão ouro para o diagnóstico são angiotomografia (TC) e angioressonâcia de abdome. No caso desta paciente, diagnóstico por TC em investigação de abdome agudo. Não apresentava qualquer história ou queixa de dor ou edema em membros, exame físico vascular sem alterações e ausência de falência em quaisquer dos órgãos, como rins e fígado. Após fase aguda de colecistite, melhora total das queixas abdominais e recebeu alta assintomática. Consideramos importante compartilhar o caso devido à raridade de tal achado.

PALAVRAS CHAVE

veia cava , tomografia

Área

MISCELÂNIA

Instituições

CHS - URE - São Paulo - Brasil

Autores

Heitor Fernando Xediek Consani, Paula Alguz Xavier, Giuliano Frediani Tasca Okamoto, Mateus Calixto Coulturato, Andre Luis Bettiati Junior, Karol Sotelo Cortes, Tales Barione Reginaldo, Vitor Lopes Hernandes