CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME DE EAGLE: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A síndrome de Eagle é caracterizada por cervicalgia e/ou dor craniofacial em função do alongamento do processo estiloide com extensão média de 4,0 cm ou da calcificação do ligamento estilo-hioide. O processo estiloide é uma projeção delgada, cilíndrica, pontiaguda e com extensão de 2,5-3,0 cm. Origina-se do osso temporal e se localiza ântero-medialmente no recesso maxilo-vertebro-faríngeo, onde há nervos cranianos e as artérias carótidas interna e externa. O objetivo desse relato é demonstrar a efetividade da cirurgia para a resolução da síndrome de Eagle devido ao prolongamento bilateral do processo estiloide.

RELATO DE CASO

Paciente de 51 anos, sexo feminino, apresentava há 9 meses cervicalgia de intensidade moderada, com limitações nos movimentos cervicais, otalgia intensa do lado esquerdo, zumbido bilateral e odinofagia com sensação de corpo estranho na garganta. Sem histórico prévio de trauma cervicofaríngeo e/ou de tonsilectomia. Uso de analgésicos e AINEs sem melhora da dor. Em ordem cronológica, teve como hipóteses diagnósticas: sinusopatia, disfunção da articulação temporomandibular e doença do refluxo gastroesofágico. O diagnóstico de síndrome de Eagle foi feito por tomografia computadorizada de base de crânio com reconstrução em três dimensões que revelou alongamento bilateral das apófises estilóideas calcificadas com extensão de aproximadamente 4,5 cm. O tratamento cirúrgico foi estiloidectomia por acesso extraoral que resultou em regressão completa dos sintomas e em preservação de estruturas anatômicas adjacentes.

DISCUSSÃO

A síndrome de Eagle tem duas formas clínicas: a síndrome de Eagle clássica e a síndrome artéria carótida-apófise. Apesar disso, também tem sido relatada em pacientes que nunca foram submetidos à tonsilectomia e/ou à trauma cervical por causas como o comprimento anormal associado à angulação anormal do processo estiloide. O caso relatado é relevante, uma vez que essa condição ocorre mais no sexo feminino e em 4% da população mundial, sendo que deste grupo 4-10.3% são sintomáticos. Acredita-se que a localização anatômica do processo estiloide alongado seja responsável pelo aparecimento dos sintomas na região da cabeça e do pescoço, pois pode haver a compressão de estruturas adjacentes, visto que, medialmente ao processo estiloide, há a veia jugular interna e os nervos facial, glossofaríngeo, vago, acessório e hipoglosso, enquanto que a porção caudal do processo estiloide está próxima da artéria carótida externa lateralmente e da artéria carótida interna medialmente além da cadeia simpática. Embora a abordagem cirúrgica intraoral evite a cicatriz cutânea externa, optou-se, nesse caso, pela técnica extraoral, pois há melhor visualização do campo cirúrgico, menor risco de infecção, de hemorragia cervical e de lesão em nervos cranianos e em vasos sanguíneos. A síndrome de Eagle deve ser sempre considerada no diagnóstico diferencial de cervicalgias para que não haja atraso no tratamento.

PALAVRAS CHAVE

síndrome de Eagle, cervicalgia, estiloidectomia

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

CliniOnco - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Marclei Brites Luzardo, Arthur Bueno Luzardo, Guilherme Ribeiro, Jessica Litran Nunes, Carolina Bueno Luzardo