CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

RESSECÇAO DE MESOTELIOMA BENIGNO ABDOMINAL - UM ACHADO RARO

INTRODUÇÃO

Mesotelioma é um raro tumor primário do mesotélio, com um pouco mais de 150 casos relatados no mundo. O mesotelioma está intimamente ligado a exposição ao asbesto, contudo apresenta um longo período entre a exposição ao fator de risco e sua manifestação. Por ter uma sintomatologia inespecífica, um extenso período de latência seu diagnóstico é difícil realização. O diagnóstico definitivo só é possível através do anátomo-patológico e da imuno-histoquímica do tumor, sendo assim necessário lançar mão de procedimentos mais invasivos para sua confirmação.

RELATO DE CASO

A paciente S.V.L., 69 anos, sexo feminino, branca, natural de São Paulo e procedente de São Bernardo do Campo, dona de casa com ensino fundamental completo, casada e católica; procurou o serviço de Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo do Hospital de Clínicas de São Bernardo do Campo, com a história de plenitude gástrica, saciedade precoce e hiporexia, associado a emagrecimento de 18 quilos em 6 meses e há 1 mês tumoração e aumento do volume abdominal indolor e sem outros fatores associados; à palpação o abdome encontra-se flácido, indolor, com tumoração palpável em epigástrio, parte do mesogástrio, hipocôndrio e flanco esquerdo de superfície regular, de aproximadamente 10 cm de largura, móvel e aderido a planos profundos.A tomografia de abdome evidenciou massa pancreática cística que acomete o corpo e a cauda pancreática medindo 18x18x17 cm, possui inúmeras septações com realce e calcificações centrais. Na cirurgia foi observado ausência de carcinomatose peritoneal; ausência de metástase em órgãos sólidos; tumor de aspecto neoplásico de 20x20 cm com superfície heterogênea, multilobulada em topografia de corpo e cauda pancreática, envolvendo delgado até 30 cm do ângulo de Treitz e infiltrando mesocólon transverso; cabeça do pâncreas e arco duodenal livres. Assim, foi feito pancreatectomia corpo-caudal, esplenectomia, enterectomia segmentar, colectomia segmentar por cisto gigante de pâncreas.O anátomo-patológico foi o produto da pancreatectomia corpo-caudal, da esplenectomia e enterectomia segmentar e teve como resultado mesotelioma benigno multicístico. Foram utilizados os anticorpos AE1/AE3, EMA, CK baixo e CD 34, sendo os dois primeiros positivos, apresentando assim um aspecto histológico favorável para mesotelioma multicístico benigno.

DISCUSSÃO

Na literatura há divergência sobre o melhor tratamento para o mesotelioma multicístico benigno, uma opção é combinar a cirurgia citorredutora com quimioterapia intraperitoneal hipertérmica, e a outra é a remoção em bloco, a qual evita-se sua recidiva. A correlação entre a ruptura da lesão cística e sua recorrência é incerta. Devido a sua natureza benigna a adjuvância com quimioterapia ou radioterapia não está indicada. Outros tratamentos como terapia hormonal, esclerotepraia e termoterapia não têm sua eficácia comprovada. Apesar de o prognóstico ser excelente, a taxa de recidiva após a ressecção completa é de aproximadamente 50%.

PALAVRAS CHAVE

Tumor mesotelioma benigno multicístico

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

FACULDADE DE MEDICINA DO ABC - São Paulo - Brasil

Autores

MARCUS PAULO LEMOS LEME, ELAINNA DE SOUZA ALVES, ALEXANDRE CRUZ HENRIQUES, DEBORAH KRUTMAN ZVEIBIL, JAQUES WAISBERG, MÓNICA PATRICIA MONTÁN MONTAÑO, LUIZ FELIPE VIANA VERAS GOULART