CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

INGESTA DE CORPO ESTRANHO COM IMPACTAÇAO EM RETO

INTRODUÇÃO

A presença de corpo estranho (CE) no trato gastrointestinal (TGI) é um dos principais casos atendidos em serviços de urgência e emergência. Pode ocorrer devido ingesta ou introdução anal. As ingestas são comuns em crianças, idosos, desdentados, psiquiátricos ou sob libação alcoólica. Quando ingerido, o CE pode passar pelo tubo digestivo e ser eliminado espontaneamente, mas, podem impactar no cólon ou reto, com o risco de perfuração da alça intestinal. A apresentação clínica depende do tipo, do tempo de permanência, da extensão da lesão,e da sua localização no TGI.

RELATO DE CASO

A.S., 44 anos, hígido, com historia de ingesta de bacalhau há 2 dias. Procurou atendimento em outro serviço, com dor em região perianal e dor ao evacuar, sem sangramentos. Foi tratado como doença hemorroidária, sem melhora do quadro. Procurou novamente o serviço há 1 dia, mantendo o mesmo quadro, com intensificação da dor. Ao exame físico foi identificado CE pontiagudo em região de reto, não conseguindo extração manual ao exame anal. Foi referenciado para o nosso serviço, onde foi evidenciado a presença do CE ao toque retal e solicitado retossigmoidoscopia para diagnóstico e tratamento. No preparo do exame foi realizado fleet enema via retal que possibilitou uma nova mobilização do CE. Durante o procedimento da retossigmoidoscopia foi realizada a retirada do mesmo sob visualização direta, sem intercorrências, sangramentos ou perfurações intestinais. Paciente evoluiu bem na enfermaria sem sintomas ou sangramentos ativos, recebendo alta hospitalar na sequência

DISCUSSÃO

A ingestão de CE é um problema clínico comum, acometendo em 80% dos casos crianças de 1 a 3 anos de idade. Espinhos de peixe são os objetos mais ingeridos e os que mais causam perfurações do TGI. Ao ultrapassar o esôfago, 80 a 90% dos casos tem solução espontânea. De 10 a 20% dos objetos ingeridos impactam em algum segmento do TGI, sendo mais frequentes nos locais que possuem alguma angulação, estreitamento anatômico ou patológico. Assim, a cricofaringe, esôfago na região da carina traqueal, da impressão aórtica, piloro, segunda e terceira porções do duodeno, ângulo de treitz, região ileocecal, colon sigmoide, reto em sua reflexão peritoneal e ânus são os locais com maior possibilidade de impactação dos corpos estranhos.
Um objeto impactado no TGI pode levar a abscesso perianal, obstrução, perfuração ou formação de fístula. A perfuração do TGI é uma complicação rara ocorrendo em menos de 1% dos casos e está relacionado ao formato pontiagudo do objeto.
Clinicamente nas lesões anais e do reto baixo e médio apresenta-se sangramento de pequena monta e dor anal. Nas lesões altas, o paciente pode apresentar dor abdominal, sinais de peritonite e sangramento digestivo baixo. O diagnóstico pode ser feito através de radiografia, tomografia computadorizada e endoscopia que é tanto diagnóstica como terapêutica. A retirada do objeto pode ser realizada manualmente ou por retossigmoidoscopia ou colonoscopia ou intervenção cirúrgica.

PALAVRAS CHAVE

corpo estranho

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

hospital irmãos penteados - São Paulo - Brasil

Autores

Nathacia Bernardo Chimello, Tabata Paola Malta De Araujo, Carlos Eduardo Soares Souza Lima, Caio Costa Mattos, Tayssa Brandao Pacheco, Lucas Jose Galvani