CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

TRATAMENTO CIRÚRGICO CONSERVADOR DE TRAUMA RENAL COMPLEXO: RELATO DE CASO.

INTRODUÇÃO

O trauma renal equivale a 10% das lesões viscerais no trauma abdominal fechado e é responsável por 1% a 5% das hospitalizações. Apesar de pouco comum, é de grande relevância, devido alta morbimortalidade, acarretando lesões renovasculares quando não bem conduzido. Em 90% dos casos o tratamento é conservador, enquanto nos complexos, podem ser cirúrgicos. Relatamos um caso de trauma renal complexo tratado no Hospital de Clínicas Luzia de Pinho Melo da SPDM.

RELATO DE CASO

Feminina de 11 anos, admitida no PS com queda da própria altura e contusão da região lateral esquerda do abdome. Evoluiu com intensa dor lombar, irradiada para fossa ilíaca esquerda acompanhada de vômitos, hematúria, palidez e síncope. PA 100 x 60 mmHg, FC 78 bpm, FR 22 irpm. Exame físico: REG, descorada 2/4+, Glasgow 15. Expansibilidade e MV diminuídos no hemitórax esquerdo. Abdome plano, RHA +, dor intensa a palpação do hipocôndrio, flanco e fossa ilíaca a esquerda. USG abdominal mostrou volumosa massa heterogênea com áreas císticas envolvendo o rim esquerdo de 15,7 x 7,3 cm. A TC contrastada compatível com hematoma retroperitonial e área retilínea hipodensa no parênquima renal esquerdo, indicando fratura. Paciente evoluiu com piora do estado geral, sonolência, taquicardia, queda de Hb/Ht. Indicada laparotomia exploradora, identificado hematoma retroperitonial esquerdo expansivo. Realizada manobra de Mattox, abertura da fáscia de Gerota e exposição renal, identificadas lesões com sangramento ativo. Realizada nefrorrafia e optado pela preservação renal.

DISCUSSÃO

Para melhor conduta, a American Association for the Surgery of Trauma, classifica o trauma renal de I a V (desde contusão/hematoma subcapsular não expansivo à rim fragmentado). O tratamento depende do grau do comprometimento renal (desde a preservação do órgão até nefrectomia). O caso relatado, foi classificado como grau IV/V com instabilidade hemodinâmica. Hematúria é o principal indicador de trauma geniturinário, não correlacionado com gravidade. Com suspeita de trauma renal, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, está indicada a TC com contraste EV nas vítimas de trauma estáveis, hematúria franca ou microscópica/pressão sistólica <90 mmHg e em mecanismo de trauma ou exame físico com lesão renal. O exame de imagem citado identificou hematoma retroperitonial extenso e lesão renal esquerda grau IV/V. O tratamento conservador está indicado em pacientes hemodinamicamente estáveis. Intervenção imediata (cirurgia ou angioembolização) está indicada em pacientes instáveis com resposta transitória ou ausente a medidas de reanimação. A paciente apresentou a principal indicação de abordagem cirúrgica. A proposta inicial era nefrectomia, mas devido as características da lesão, optou-se por tratamento conservador. Concluímos que traumatismo renal de graus I a III são em maioria conservador e grau V, cirúrgico. A instabilidade hemodinâmica é o principal parâmetro para cirurgia.

PALAVRAS CHAVE

Trauma renal
Instabilidade hemodinâmica

Área

TRAUMA

Instituições

HOSPITAL DAS CLÍNICAS LUZIA DE PINHO MELO - São Paulo - Brasil

Autores

RAFAELLA HENRIQUES CAVALCANTI TORRES DE MELO, TONY KATSUMI SHOJI, JULIANA MEGUMI MACIEL ARIE, POLIANA DE PAULA VIEIRA BORGES DOS REIS SOARES, BEATRIZ TURQUIAI LUCA BLASIO, RAYANNE GONÇALVES DOS SANTOS, FERNANDO ORIOLI MORAES, FRANZ ROBERT APODACA TORREZ