CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

PANCREATITE AGUDA E DOENÇA BILIAR ASSOCIADAS A DIVERTICULO DUODENAL JUSTA-PAPILAR

INTRODUÇÃO

Apresentar o caso de paciente admitido com pancreatite de provável etiologia biliar, submetido a colecistectomia videolaparóscopica (CVL) com colangiografia per-operatória, com evolução não habitual desfavorável e sinais colestáticos no pós-operatório. Extensão propedêutica com colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) identificando papila peridiverticular como etiologia da síndrome colestática.

RELATO DE CASO

Paciente, 57 anos, previamente hígido, com um episódio prévio de pancreatite aguda. Readmitido após 2 meses com recorrência dos sintomas e apresentação de sinais colestásticos. Ultrassonografia da admissão, mostrando vesícula biliar dilatada, com paredes finas e imagens sugestivas de microcálculos. Após melhora clínica e laboratorial, foi submetido a CVL com colangiografia peroperatória, sem falhas de enchimento. Não foram identificados cálculos à exploração da peça cirúrgica anatômica. Um dia após alta hospitalar, foi readmito, com queixa de dor abdominal, náuseas, vômitos e alterações laboratoriais com aumento de enzimas canaliculares. Extensão propedêutica na ocasião mostrou ultrassonografia sem dilatação de vias biliares e hepatocolédoco com calibre de 4,2mm. Optado por realização de CPRE, com identificação de papila peridiverticular e, esvaziamento da via biliar com extravasamento de cristais, seguindo-se de papilotomia endoscópica.

DISCUSSÃO

Depois do cólon, o duodeno é o segundo sítio mais comum da doença diverticular. O divertículo duodenal pode ser divido em dois tipos: intraluminal e extraluminal. Pelos métodos diagnósticos disponíveis, identifica-se uma maior prevalência do segundo tipo, variando entre 0,6 a 27%. Estima-se uma incidência de 0,16 a 27% na população em geral, sendo maior em mulheres, após a sexta década de vida. Para serem classificados como justa-papilares, os mesmos devem estar situados em um raio entre 2 a 3 centímetros da papila de Vater.
A relação entre a litíase biliar e o divertículo duodenal é bem estabelecida na literatura, com alguns estudos mostrando uma taxa de associação superior a 60%. Fisiopatologicamente, explica-se tal fato pela desconjugação dos sais biliares pela flora bacteriana diverticular. Os sais biliares livres, por sua vez, associam-se facilmente ao cálcio, confluindo para a formação de cálculos.
Entre as principais complicações associadas a essa entidade, destacam-se a perfuração diverticular, constituindo-se uma emergência cirúrgica, o sangramento, associado principalmente à tentativa de cateterização papilar e as complicações intrisicamente associadas aos sinais colestáticos, com destaque para a pancreatite aguda. Assim, faz-se fundamental considerar a possibilidade desse diagnóstico em pacientes com sinais e sintomas sugestivos de patologia de vias biliares, sem sinais evidentes e bem estabelecidos de litíase, devendo-se sempre ponderar a realização de uma CPRE, principalmente em quadros de pancreatite de suposta etiologia biliar documentados.

PALAVRAS CHAVE

DIVERTÍCULO DUODENAL, COLESTASE, PANCREATITE, CPRE

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

HOSPITAL JÚLIA KUBITSCHEK - Minas Gerais - Brasil

Autores

BRUNA HAUEISEN FIGUEIREDO, TARCÍSIO VERSIANI AZEVEDO FILHO, WANDER CAMPOS MARCOS, FELIPE FIGUEIREDO MACIEL, LUIS FERNANDO RESENDE MARQUES, PHELIPE GABRIEL SANTOS SANTANA, RAQUEL FERREIRA NOGUEIRA, THAIS ANDRESSA SILVA FAIER