CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

LESAO DE MOREL-LAVALLEE NA PAREDE ABDOMINAL: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A lesão de Morel-Lavallée é uma massa hemolinfática decorrente de lesão por cisalhamento com avulsão da pele sobre a fáscia, ocasionando a ruptura de pequenos vasos perfurantes. O resultado é uma cavidade que pode ser preenchida por sangue, linfa e/ou gordura, ocasionalmente com presença de necrose, podendo ainda haver organização de uma pseudocápsula.

RELATO DE CASO

MAJ, feminino, 89 anos, admitida com presença de abaulamento em abdome anterior com surgimento três meses antes e crescimento progressivo. Após o surgimento da lesão evoluiu com perda de 13 kg e desenvolvimento de anemia microcítica e hipocrômica. Previamente hipertensa em uso de enalapril, sem uso de anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários. Sem história recente de trauma no local, apresentava na mesma topografia hernioplastia umbilical 4 anos antes e hernioplastia recidivada 3 anos antes, com colocação de tela de polipropileno no último procedimento. Realizou tomografia que visualizou coleção cística na parede abdominal, extra-aponeurótica, ovalada, com cápsula bem delimitada e volume aproximado de 1800 ml. Durante a internação apresentava quedas hematimétricas diárias, com necessidade de hemotransfusões. Submetida em a ressecção da lesão e biópsia identificou um hematoma encapsulado. Devido ao descolamento amplo de tecidos do subcutâneo, foi deixado dreno de Portovac no leito. Evoluiu no 2º dia de pós-operatório com obstrução do dreno e necessidade de reabordagem pela presença de coágulo retido. Após a reabordagem apresentou níveis crescentes de hemoglobina, sem novas intercorrências.

DISCUSSÃO

A lesão de Morel-Lavallée foi descrita em 1853 para a porção lateral da coxa, mas tal epônimo já é utilizado como referência na literatura para lesões com as mesmas características em outras regiões do corpo, sendo que a ocorrência da mesma na parede abdominal não é fato comum. A lesão pode ser assintomática ou dolorosa, surgindo de horas a dias após o trauma e cerca de um terço dos pacientes possui evolução arrastada com intervalo de surgimento de meses a anos após o evento traumático. Não há consenso quanto às melhores estratégias terapêuticas para o tratamento da lesão de Morel-Lavallée, devendo serem levados em consideração os sintomas relacionados, a evolução, os achados imaginológicos e a presença de complicações, como a necrose infectada do conteúdo do cisto ou a necrose extensa da pele adjacente. Embora a ultrassonografia e a tomografia também possam ser utilizados, a ressonância é o exame mais indicado na sua propedêutica. Apesar da tendência atual a adotar tratamento menos invasivos o achado de uma cápsula organizada e bem delimitada é fator importante para a definição da terapêutica entre tratamento conservador e cirúrgico, com ressecção completa da coleção para esse casos. Trata-se portanto de um caso com apresentação pouco usual, de evolução tardia e com morbidades relacionadas para o paciente, onde a ressecção cirúrgica foi considerada um tratamento efetivo.

PALAVRAS CHAVE

Morel-Lavallée
Hematoma encapsulado

Área

MISCELÂNIA

Instituições

HOSPITAL JÚLIA KUBITSCHEK - Minas Gerais - Brasil

Autores

LUIS FERNANDO RESENDE MARQUES, TARCISIO VERSIANI AZEVEDO FILHO, PHELIPE GABRIEL DOS SANTOS SANTANA, THAIS ANDRESSA SILVA FAIER, FELIPE FIGUEIREDO MACIEL, RAQUEL FERREIRA NOGUEIRA, BRUNA HAUEISEN FIGUEIREDO, PAULO CESAR DE FARIA JUNIOR