CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TITULO

IMPACTOS DO FAST-TRACK NO POS-OPERATORIO DE CIRURGIA COLORRETAL

OBJETIVO

A medicina baseada em evidências levou ao desenvolvimento de novas terapias visando uma melhor recuperação do paciente no pós-operatório, conhecidas como Fast-Track (FT). O FT compreende medidas para redução do estresse por técnicas farmacológicas, cirurgia minimamente invasiva, além de mudanças nos comportamentos nutricionais e intraoperatórios. Pacientes submetidos a cirurgia colorretal, em tratamento de câncer por exemplo, apresentam alto risco de desnutrição, que posteriormente pode resultar em redução da imunidade e maior susceptibilidade a complicações pós-operatórias (PO).
Objetivo: Avaliar os impactos do FT no pós-operatório de pacientes submetidos a cirurgia colorretal em comparação aos cuidados tradicionais (CT).

MÉTODO

Foi realizada uma revisão bibliográfica dos últimos 10 anos na base de dados PubMed, utilizando filtro “Humans” e os descritores: “fast track surgery”, “nutrition therapy” e “colorrectal sugery”. A busca resultou em 10 artigos e destes foram selecionados 5. Critério de exclusão: Estudos cujo enfoque não tratou-se de cirurgia colorretal.

RESULTADOS

A ingestão precoce de carboidratos (CH) é um denominador comum, embora a falta de homogeneidade resulte em enorme variabilidade de protocolos. O FT permite ingestão de líquidos e CH em até duas horas antes da cirurgia, enquanto na CT o jejum varia de 3-12 horas. O FT retarda a desnutrição PO; quando combinado a laparoscopia proporciona uma melhor recuperação PO de nutrição e estado imunológico.
Pesquisa realizada na espanha envolvendo 272 profissionais (cirurgiões e anestesiologistas), mostrou que apenas 46,6% realizam avaliação nutricional pré-operatória, Melchor et al. (2015).
Em estudo ramdomizado com 50 pacientes, a recuperação do trânsito intestinal demonstrou que o primeiro flatus ocorreu no dia 0,9 ± 0,78 em FT versus 2,1 ± 0,94 CT (P <0,005). A dieta sólida foi tolerada no dia 1,2 ± 0,421 em FT versus 3,81 ± 0,982 em CT (P <0,005). O dia de alta foi de 4,7 ± 2,4 em FT versus dia 7,65 ± 2,4 CT (P <0,005), Mari (2014). Zhuang et al. (2013 apud Berghe 20161) em meta-análise revelou estadia mais curta de pós-operatório em FT versus CT, com diferença média de 2,4 dias (p <0,00001).
BSC et al. (2014) em estudo evolvendo 464 pacientes revelou que o tempo para primeira evacuação, ingestão oral e deambulação no grupo FT foi menor quando comparado ao CT (p <0,05). A incidência de complicações foi significativamente menor no grupo FT do que no grupo tradicional (p <0,05). Em particular, a taxa de ocorrência de vazamento anastomótico foi maior no CT do que no grupo FT (2,8% vs 0,5%, p <0,023).

CONCLUSÕES

As medidas FT, incluindo suporte nutricional e menor tempo de jejum, aceleram a reabilitação PO, reduzem o número de complicações e tempo de internação. Sendo de modo geral, a laparoscopia associada ao FT a melhor opção para cirurgias colorretais. Por conseguinte, a utilização e padronização dos componentes do FT deve ser encorajada.

PALAVRAS CHAVE

fast-track, cirurgia colorretal

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Universidade Cidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Victoria Baiocchi, Fernando Chervenka, Dirce Maria Gibelli