TÍTULO

PROTESE ENDOSCOPICA NO TRATAMENTO DE FISTULA DE GASTROENTEROANASTOMOSE PÓS BYPASS GÁSTRICO EM Y DE ROUX: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A estenose da anastomose gastrojejunal é uma das mais frequentes complicações tardias da cirurgia bariátrica (incidência: 3-20%). O sucesso da dilatação da estenose com balão endoscópico atinge até 95%, mas pode ocorrer perfuração. Já a úlcera marginal acomete 1% - 16% dos pacientes submetidos a bypass gástrico. Resolução com tratamento medicamentoso ocorre em 68 a 88%. Nos casos refratários, procedimento cirúrgico revisional está indicado. Objetivo: Relatar caso de paciente em pós-operatório de bypass gástrico em Y de Roux que evolui com úlcera marginal refratária ao tratamento medicamentoso e estenose de anastomose gastrojejunal com ocorrência de perfuração após dilatação endoscópica.

RELATO DE CASO

Paciente feminina 27 anos, submetida previamente a bypass gástrico em Y de Roux. O diagnóstico de úlcera marginal foi realizado 50 meses após o procedimento cirúrgico e a pesquisa de H. pylori resultou negativa. Nenhum dos fatores de risco descritos na literatura foi relatado. Não se observou resposta clínica ou endoscópica após 08 semanas de tratamento com inibidor de bomba de prótons em dose plena, sendo indicada vagotomia troncular e optado por sua realização via toracoscópica. Após o procedimento, a paciente permaneceu internada por 2 dias e não apresentou complicações. Controle endoscópico demonstrou resolução da úlcera. Posteriormente, a paciente foi submetida à dilatação por estenose da anastomose, evoluindo com perfuração e optado pelo emprego de prótese endoscópica totalmente recoberta. Exame contrastado realizado após a retirada da prótese 4 semanas depois, demonstrou resolução da fístula.

DISCUSSÃO

Com a crescente prevalência da obesidade e o aumento do número de procedimentos cirúrgicos realizados para o tratamento desta enfermidade, cada vez mais os cirurgiões bariátricos têm se deparado com a ocorrência de complicações pós-operatórias e recorrido a diferentes procedimentos terapêuticos visando às suas resoluções. Em comparação com os dados da literatura, o presente caso apresenta paciente com idades de ocorrência de úlcera marginal inferior e tempo de apresentação mais longo decorrido entre a realização do procedimento cirúrgico bariátrico e o diagnóstico da úlcera; 50 meses enquanto outros estudos reportam médias que variam de 12,8 a 18 meses e ocorrência muito rara após decorridos 24 meses da cirurgia. Nenhum dos fatores de risco já descritos pode ser verificado, sugerindo que outros mecanismos ainda não conhecidos possam interferir na predisposição. O uso profilático de inibidor de bomba de prótons demonstrou ser fator de proteção independente para o desenvolvimento da úlcera. Porém nos casos refratários, cirurgia revisional pode ser fazer necessária. A vagotomia troncular apresenta-se como alternativa terapêutica efetiva e segura para úlceras marginais refratárias ao tratamento clínico, podendo ser realizada por via toracoscópica, com menor potencial de ocorrência de complicações.

PALAVRAS CHAVE

Bypass gástrico em Y de roux; cirurgia bariátrica; estenose, obesidade

Área

CIRURGIA DA OBESIDADE