TÍTULO

LESAO DIAFRAGMATICA POR ARMA BRANCA TRATADA COM LAPAROSCOPIA

INTRODUÇÃO

Ferimentos na região da transição tóraco-abdominal estão frequentemente associados a lesões diafragmáticas. Estas são dificilmente diagnosticadas pela escassez de sintomatologia e baixa suspeição do quadro. Quando realizada laparotomia exploradora, até 50% dos pacientes não apresentam lesão. O pneumoperitôneo utilizado em cirurgias vídeo-laparoscópicas facilita a visualização diafragmática pelo estiramento muscular proporcionado. Isso aliado ao fato da menor taxa de complicações e boa acurácia diagnóstica, tornam a cirurgia vídeo-laparoscópica um procedimento mais vantajoso ao paciente.

RELATO DE CASO

Apresentamos o caso do paciente P. H. M., masculino, 41 anos, procedente do interior do estado de São Paulo, vítima de ferimento por arma branca (FAB) de aproximadamente 4 cm em hemitórax esquerdo (quinto espaço intercostal [EIC], na linha axilar anterior). O paciente chegou ao pronto-socorro (PS) relatando que fora agredido com faca há cerca de 20 minutos. Não apresentava dispnéia ou alteração grave de sinais vitais, porém o exame revelou saturação de oxigênio de 92% em ar ambiente. À ausculta pulmonar foi verificado murmúrio vesicular diminuído à esquerda, expansibilidade torácica discretamente diminuída do mesmo lado e o ferimento corto-contuso já descrito. Foi submetido à drenagem de tórax e tomografia computadorizada do tórax, que mostrou descontinuidade diafragmática à esquerda junto ao ápice cardíaco, com gap de 1,3 cm do diafragma e mínimo pneumoperitôneo. Foi realizada videolaparoscopia com rafia desta lesão.

DISCUSSÃO

A técnica laparoscópica é uma modalidade cirúrgica minimamente invasiva que está consagrada pela prática e literatura cirúrgicas há décadas. Apesar disso, é comum em nosso meio a laparotomia exploradora de pacientes com lesão traumática da região tóraco-abdominal, seja por escassez de equipamento, de preparo das equipes ou treinamento dos cirurgiões que atuam em centros de trauma. A laparoscopia leva vantagem em relação à laparotomia devido à baixa morbidade e complicações, como atelectasia, pneumonia, infecção de sítio cirúrgico, abscesso intra-abdominal, tromboembolismo pulmonar, e oclusão intestinal por aderências. Em pacientes com trauma penetrante da região tóraco-abdominal, deve-se sempre pensar na possibilidade de lesão diafragmática, mesmo com quadros clínicos oligossintomáticos e dar preferência à utilização de laparoscopia sempre que possível, assim diminuindo a permanência do doente no hospital e a ocorrência de complicações geradas por laparotomia não-terapêutica.

PALAVRAS CHAVE

trauma toracoabdominal; lesão diafragmática; laparoscopia; videolaparoscopia.

Área

TRAUMA