CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

ULCERA DUODENAL TEREBRANTE PARA O PANCREAS: UM DESAFIO DIAGNOSTICO E TERAPEUTICO

INTRODUÇÃO

O emprego dos inibidores de bomba de prótons associado à medicação antimicrobiana para erradicação de Helicobacter pylori reduziu substancialmente as indicações de tratamento cirúrgico da úlcera péptica gastroduodenal. Hoje, esta conduta é reservada para falha terapêutica clínica ou em situações de urgência, entre elas a hemorragia e perfuração. A perfuração ocorre em aproximadamente 2 a 10% dos casos, habitualmente envolvendo a parede anterior do duodeno (60%), sendo raro a perfuração para órgãos retroperitoneais. Quando se aprofunda em um órgão, como o pâncreas, é dita úlcera terebrante.


RELATO DE CASO

O caso refere-se a SVN, masculino, 54 anos, etilista crônico, admitido com pancreatite aguda grave. Realizada extensão de propedêutica com tomografia que identificou hematoma retroperitoneal com relação intima com duodeno, sem plano de clivagem com pâncreas e presença de nível hidroaéreo. Submetido a laparotomia exploradora, sendo identificada úlcera duodenal perfurada entre a primeira e a segunda porção duodenal e grande hematoma retroperitoneal. Realizada drenagem de hematoma retroperitoneal, piloroplastia, vagotomia e duodenotomia para rafia da úlcera. Paciente evoluiu satisfatoriamente, recebendo alta em boas condições clínicas no 18º DPO.

DISCUSSÃO

A complicação mais frequente e grave das úlceras pépticas é a hemorragia, que é relatada em até 0,2% dos casos. A perfuração é menos frequente, com uma incidência ao torno de 0,01% e a penetração de órgãos retroperitoneais é ainda mais rara. Habitualmente, o paciente apresenta-se com irritação peritoneal franca e a radiografia de abdome em ortostatismo ou lateral pode demonstrar pneumoperitônio, no entanto, a ausência desse achado não exclui a perfuração. Métodos de imagem, especialmente a tomografia computadorizada podem ser necessários para confirmação diagnóstica.

O tratamento de úlceras perfuradas é cirúrgico após ressuscitação inicial, e tem como princípio, a rafia primária da perfuração. Na úlcera terebrante não hemorrágica são justificáveis as técnicas conservadoras que incluem desde a vagotomia até gastrectomia com exclusão duodenal sem exérese da lesão. As úlceras sangrantes e com perfuração livre exigem conduta agressiva, atentando-se para evitar lesões de via biliar e pancreática. A mobilização retrógrada adequada da segunda porção do duodeno por meio da manobra de Kocher e a duodenotomia para abordagem da parede posterior foram medidas eficazes e salvadoras no referido caso e devem ser incentivadas nos raros casos de úlcera terebrante admitidas em serviços de cirurgia geral.

PALAVRAS CHAVE

ÚLCERA TEREBRANTE; PÂNCREAS;

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

Thais Andressa Silva Faier, Tarcisio Versiani Azevedo Filho, Raphael Segato Vaz de oliveira, Luis Carlos Teixeira, Raquel Faria Nogueira, Phelipe Gabriel Dos Santos Santana, Felipe Figueiredo Maciel, Luis Fernando Rezende Marques