CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

CARCINOMA DO COLON APRESENTANDO-SE COMO FEBRE DE ORIGEM DESCONHECIDA

INTRODUÇÃO

O câncer colorretal (CCR) representa a terceira causa de neoplasia associada à morte no mundo, sendo o câncer mais comum do trato gastrointestinal. A colonoscopia é o padrão-ouro no rastreamento e na avaliação de sintomas como presença de sangue nas fezes, alteração do hábito intestinal e dor abdominal. Outros sintomas relacionados são fadiga, anemia, falta de ar e perda de peso. O objetivo deste trabalho foi descrever um caso de apresentação não usual do CCR, com diagnóstico a partir da investigação de febre de origem indeterminada (FOI) sem nenhum outro sintoma associado e realizar uma revisão da literatura sobre o assunto.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 63 anos, diabético e hipertenso, internado aos cuidados da infectologia, com história de episódios febris de início há 4 meses e sem outras queixas. Exames do protocolo para investigação de febre com resultados normais, exceto a Proteína C Reativa (19.87) como o único alterado. Sorologias foram negativas, assim como os métodos de imagem que não evidenciaram lesões. EDA com diagnóstico de gastrite enantematosa de antro. Ecocardiograma transtorácico mostrou discreto espessamento da cúspide anterior, sem sinais de disfunção ao color doppler; a hipótese de endocardite foi excluída por ecocardiografia transesofágica. Em duas amostras de hemoculturas houve crescimento de E. coli, sendo indicada a colonoscopia, com identificação de lesão vegetante e infiltrativa no cólon descendente e dois pólipos, também no cólon esquerdo, removidos por polipectomia. Solicitada avaliação da equipe de Coloproctologia, que submeteu o paciente à colectomia esquerda com anastomose primária. A febre cedeu em 2 dias após o tratamento cirúrgico. O resultado da peça operatória confirmou a biópsia da colonoscopia: adenocarcinoma de cólon.

DISCUSSÃO

A FOI é definida como temperatura corporal de 38,3° C ou mais, em várias ocasiões, com duração de 2 a 3 semanas ou mais, com diagnóstico incerto após uma semana de avaliação hospitalar. As neoplasias correspondem à 16% das causas de FOI, no entanto, apenas alguns tipos de tumores sólidos estão associados, raramente incluindo o CCR. O mecanismo da febre pode ter origem infecciosa ou não. Quando há infecção recorrente na mucosa ulcerada, alguns organismos, como o Streptococcus bovis ou Escherichia coli, podem invadir a mucosa ou se expressar como infecções metastáticas. A origem não infecciosa está relacionada à necrose intermitente causada pelos tumores, com subseqüente fagocitose e produção de citocinas. Nosso paciente descrito apresenta infecção por E. coli comprovada em 2 hemoculturas. A relevância do caso exposto, para cirurgiões e infectologistas, está em considerarem a investigação do cólon na etiologia da febre de origem desconhecida, mesmo onde o protocolo padrão já tenha sido realizado, com resultados normais.

PALAVRAS CHAVE

Adenocarcinoma de cólon; Febre de origem indeterminada.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santos - São Paulo - Brasil

Autores

Paula Faria Henriques, Guilherme Maraucci Ribeiro de Mendonça, Katia Ferreira Güenaga, Alfredo Fernando Vecchiatti Pommella