CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

COMPLICAÇOES POS-OPERATORIAS DE PANCREATECTOMIA TOTAL: RELATO DE DOIS CASOS.

INTRODUÇÃO

O hiperinsulinismo endógeno é uma condição na qual há aumento da produção de insulina por diversos fatores. O diagnóstico bioquímico é realizado através da elevação inadequada de insulina e peptídeo C durante um episódio de hipoglicemia. Caso insulinoma ou nesidioblastose sejam a causa, a exérese cirúrgica é o tratamento preconizado.

RELATO DE CASO

Caso 1: Paciente feminina V. L. M. S. B., 43 anos, com episódios de hipoglicemia associada a coma em 2002, com lesão em cauda pancreática, sendo submetida a pancreatectomia corpo-caudal. No pós-operatório, persistiu com hipoglicemia e novos exames de imagens não evidenciaram anormalidades. Durante nova laparotomia, foi visto tumoração palpável em colo pancreático e realizada totalização da pancreatectomia, com anatomopatológico revelando insulinoma. Paciente evoluiu bem no pós-operatório, porém perdeu seguimento e não retornou ao serviço.
Caso 2: Paciente feminina C. S. C. A., 33 anos, com relato de hipoglicemia desde 2008, com massa sólida em corpo pancreático, adenoma hipofisário e hiperparatireoidismo primário, sugerindo a possibilidade de neoplasia endócrina múltipla tipo 1. Laparotomia em 2009 identificou massa sólida de 5,0cm na transição corpo-caudal do pâncreas e vários nódulos de 0,5cm em cauda e cabeça. Realizada pancreatectomia total, cujo histopatológico revelou nesidioblastoma. No pós-operatório, evoluiu com úlcera anastomótica tratada com uso de inibidor de bomba de prótons (IBP). Apresentou também disglicemias, inclusive com quadro de cetoacidose. Evoluiu com tumoração em região mediastinal sugestiva de neoplasia de timo com lesões cerebrais provavelmente metastáticas e foi a óbito após 04 meses.

DISCISSÃO

A pancreatectomia total é uma cirurgia de grande porte com elevada morbidade, reservada para poucas condições clínicas que acometem difusamente o órgão e que acarreta desenvolvimento de diabetes insulino-dependente e de insuficiência exócrina. O diabetes pancreático é de difícil controle, com alternância entre estados de hiperglicemia e episódios hipoglicêmicos, como visto no segundo caso. A insuficiência exócrina manifesta-se por diarreia, perda ponderal e deficiência de vitaminas lipossolúveis, tendo ambas pacientes conquistado êxito no seu controle.
A úlcera anastomótica é uma complicação que pode surgir a curto ou longo prazo, evitável com o uso rotineiro de IBP. A esteatose hepática é outra complicação pós-pancreatectomia, causada por alterações fibróticas no parênquima. Não foi evidenciado nenhum sinal de disfunção hepática no pós-operatório.
A pancreatectomia total constitui uma opção cirúrgica viável e segura. Com o aperfeiçoamento nas técnicas cirúrgicas e o desenvolvimento na indústria farmacêutica, a qualidade de vida dos pacientes pancreatectomizados melhorou nos últimos anos.

PALAVRAS CHAVES

pancreatectomia, diabetes, insulino-dependente.

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

Natália Maia Esmeraldo Peixoto, Ivete Maria de Araujo Veras, Antonio de Pádua Melo Santos , Adriano da Fonseca Pereira, Ricardo José Caldas Machado