CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO DE TUBERCULOSE HEPÁTICA COMO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL DE METÁSTASES

INTRODUÇÃO

A tuberculose hepática isolada é rara, descrita pela primeira vez por Bristowe, em 1858. O diagnóstico é difícil, pois os sinais, sintomas e achados radiológicos são inespecíficos, sendo complexo distinguir a tuberculose hepática de outras doenças mais comuns do fígado, especialmente as neoplasias secundárias. Este trabalho objetiva relatar um caso de tuberculose hepática demonstrando como a mesma pode ser confundida com uma neoplasia, devido à sua apresentação inespecífica.

RELATO DE CASO

Mulher, 69 anos, ingressa ao Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini com dor abdominal de início súbito, generalizada, perda ponderal de 6 kg em quinze dias e anemia crônica. Endoscopia digestiva alta estava normal, e colonoscopia mostrava tumoração avançada de cólon direito. A biópsia demonstrou ausência de neoplasia. Apesar deste achado, e diante da alta suspeita de neoplasia, a paciente foi submetida à colectomia direita ampliada, enterectomia, gastrectomia segmentar (a “neoplasia” avançava para o estômago) e biópsia hepática do segmento IVa. O anatomopatológico da peça cirúrgica confirmou colite crônica ulcerativa, ausência de neoplasia, e tecido hepático com processo inflamatório crônico granulomatoso, necrose caseosa, pesquisa para BAAR positiva e ausência de sinais de malignidade, compatível com tuberculose hepática. A revisão da peça intestinal obteve resultado negativo para tuberculose. O exame de escarro foi negativo. A paciente foi encaminhada para infectologia, e tratada para tuberculose durante seis meses, como recomendado pelo Ministério da Saúde. O esquema utilizado foi: rifampicina, isoniazida, etambutol, estreptomicina e pirazinamida, com evolução favorável. A paciente permanece em acompanhamento ambulatorial.

DISCUSSÃO

A tuberculose hepática isolada, sem evidência de comprometimento em outros órgãos, tem uma possibilidade baixa de ser tratada pelo seu diagnóstico difícil. A inoculação pode ocorrer via pulmonar ou via trato gastrointestinal, e a disseminação entérica pode ser consequência de ingestão oral ou fazer parte de disseminação linfática ou hemática. Após o bacilo alojar-se no intestino, ele alcança o fígado através da veia porta. A raridade da forma local pode ser decorrente de baixa tensão de oxigênio no tecido hepático, o que provavelmente inibe o crescimento do bacilo da tuberculose. Oliva et al publicaram 23 casos de tuberculose hepática sem evidência de doença extra-hepática e 87% desses pacientes tiveram diagnóstico estabelecido somente após cirurgia. Geralmente, no intraoperatório, o diagnóstico é de neoplasia ou abscesso. Neste trabalho, a evolução do caso ocorreu da mesma forma, inicialmente foi cogitada metástase hepática e o diagnóstico de tuberculose hepática foi obtido somente após a cirurgia e anatomopatológico. Este caso demonstra que a tuberculose hepática é uma doença inespecífica e de múltiplas manifestações, que pode chegar a ser confundida facilmente com uma doença neoplásica.

PALAVRAS CHAVE

Tuberculose, Fígado, Neoplasia

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini - São Paulo - Brasil

Autores

Mayra Andrea Severich Torrico, Fernanda Iglezias Sacoman Marques, Thalles Raphael Fernandes Chassagnez, Carlos Eduardo Carvalho Sousa, Taynara Roberta Guerreiro Paiva, Silvana Daniela Cespedes Gomez, Paulo Henrique Nunes Ferreira Alves Faria, Allison Takeo Tsuge