CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO DE PERITONIOSTOMIA AMPLA TRATADA COM CURATIVO A VACUO.

INTRODUÇÃO

O curativo a vácuo (VAC), desenvolvido inicialmente por Argenta e Morykwas, é uma modalidade de curativo com grande capacidade de drenagem de secreções. Tornou-se muito importante e eficaz no manejo de feridas complexas, reduzindo a quantidade de complicações, o tempo de internação, além da redução do uso de antibióticos.
Os traumas abdominais contusos (TAC) estão associados a lesões multiorgânicas de difícil tratamento. Uma boa parcela desta enfermidade necessita de intervenções cirúrgicas, e as complicações podem ser várias no pós-operatório, dentre elas citam-se as fístulas enterocutâneas (FEC). As fístulas representam uma comunicação anormal entre um órgão oco epitelizado e outra superfície epitelizada, classificadas de acordo com sua localização e volume de débito, o que determina tanto o tratamento quanto suas taxas de morbimortalidade. Clinicamente costumam aparecer do 5º ao 15º dia de pós-operatório. Dentre os sinais e sintomas mais frequentes estão: febre, íleo prolongado, dor abdominal, além da própria secreção que surge na pele através do orifício da FEC. Em geral cursam com leucocitose e PCR elevado. As taxas de mortalidade para os pacientes com FEC permanecem elevadas, entre 15% a 20%.

RELATO DE CASO

Homem, 55 anos, admitido no PS do Hospital Nardini com diagnóstico de TAC por acidente automobilístico. Uma vez estabilizado em sala de emergência, foi indicada a laparotomia exploradora, com realização de procedimento de Hartmann por perfuração de sigmóide. 9 dias depois foi reabordado, com perfuração de outros pontos do cólon e desabamento de colostomia, além de peritonite fecal. Fez-se necessária a colectomia subtotal, ileostomia terminal e peritoniostomia. Apresentou como complicação FEC de alto débito, foi operado várias vezes para limpeza de cavidade, porém houve persistência da FEC e novas contaminações de cavidade abdominal, apesar dos esforços em fechá-la. A melhora da ferida operatória só veio após o uso de VAC, que isolou a FEC e permitiu a proliferação de tecido de granulação.

DISCUSSÃO

Para o tratamento das FEC, o VAC pode ser considerado uma das principais alternativas modernas, que evita a contaminação fecal, protege a integridade da pele e favorece a cicatrização da área afetada. Atualmente muitas foram as modificações desenvolvidas na confecção do VAC, possibilitando a utilização de equipamentos e acessórios devidamente padronizados, o que facilitam em muito a realização destes procedimentos, apesar de seu ainda custo elevado. O VAC demonstrou-se eficaz na terapia da FEC  neste paciente. Observou-se encurtamento do período de permanência hospitalar, diminuição do número de desbridamentos cirúrgicos e das infecções, evitou desidratação e desnutrição severa, e favoreceu a formação de tecido de granulação em curto espaço de tempo, permitindo a redução da área afetada e a recuperação do paciente.

PALAVRAS CHAVE

trauma, peritônio, procedimento curativo, vácuo, fístula, Tratamento de Ferimentos com Pressão Negativa

Área

TRAUMA

Instituições

HOSPITAL DE CLINICAS DR RADAMES NARDINI - São Paulo - Brasil

Autores

ALEJANDRO DELFOS HERMOZA, ANDRESSA VIANA BATISTA, SILVANA DANIELA CESPEDES GOMEZ, ANDERSON LUIS FERREIRA OLIVEIRA JUNIOR, FERNANDA IGLEZIAS SACOMAN MARQUES, MAYRA ANDREA SEVERICH TORRICO, ALLISON TAKEO TSUGE