CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

HIDATIDOSE PULMONAR BIFOCAL EM HEMITORAX

INTRODUÇÃO

A hidatidose é uma doença endêmica no mundo e, de acordo com a OMS, sua incidência é de 50 a cada 100.000 pessoas/ ano, sendo rara e mais prevalente nos países em desenvolvimento. No Brasil, como área endêmica da doença, temos o RS. A tênia do Equinococcus granolosus se reproduz num ciclo em que o hospedeiro definitivo é o cão e os hospedeiros intermediários são mamíferos domesticáveis, principalmente os ovinos. Esse ciclo intermediário pode ocorrer, por vezes, em humanos, doença denominada Hidatidose ou Equinococose. Dessa forma, aos serem eliminados nas fezes dos cães, os ovos podem acabar ingeridos por seres humanos, que desenvolverão os cistos hidáticos, cuja predileção topográfica dá-se para o fígado em 2/3 dos casos, para os pulmões em 5 a 15% das vezes, e ainda podemos ter algumas manifestações cerebrais, ósseas, mediastinais, tireoidianas e etc da doença. É sabido que os cistos podem atingir tamanhos maiores que 10 cm em alguns casos, sendo denominados gigantes.

RELATO DE CASO

Paciente, 36 anos, sexo feminino, natural do Peru, onde morava em área rural, residente no Brasil há 10 anos, procurou atendimento médico, após episodio repetido de hemoptise e dor discreta em hemitórax posterior direito. Já possuía suspeita clínica de Hidatidose pulmonar. Realizou TC de tórax e abdome, que apresentou em região torácica uma lesão cística de paredes espessadas e irregulares, localizada no segmento basal posterior direito e medindo cerca de 6,0 x 8,5 x 7,0 cm (AP x LL x CC).
Também apresentou uma lesão heterogênea e de contornos irregulares, com focos gasosos de permeio e área de escavação no seu aspecto superior, medindo cerca de 5,2 x 3,8 cm nos seus maiores eixos axiais, localizada no segmento posterior do lobo superior direito. No parênquima hepático foi encontrada uma lesão cística volumosa, de paredes discretamente espessadas, com finas calcificações de permeio, e conteúdo homogêneo, sem realce evidente pelo meio de contraste, medindo 9,2 x 8,6 x 8,2 cm, junto à face visceral dos segmentos hepáticos II e III, projetando-se no recesso hepatogástrico. As veias hepáticas e os ramos portais estavam preservados.
Anticorpos para Equinococcus vieram positivos. Após diagnóstico de Hidatidose pulmonar e hepática por correlações clínicas e de exames complementares, paciente realizou lobectomia inferior e segmentectomia superior direitas por hidatidose pulmonar e também, segmentectomia hepática esquerda parcial, com boa evolução em pós-operatório.

DISCUSSÃO

Esse relato se destaca pela abordagem de uma manifestação hepática comum da doença cística hidática associada a uma manifestação rara da doença, a Equinococose pulmonar. A Equinococose de manifestação hepática tem prevalência que atinge os 70%, já, a Equinococose pulmonar tem prevalência que corresponde a aproximadamente 1/5 ou menos das de manifestação hepática. Portanto, essa manifestação simultânea da doença bifocal em pulmão e em fígado torna o caso ainda mais relevante.

PALAVRAS CHAVE

hidatidose pulmonar, cirurgia

Área

TÓRAX

Instituições

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Marina Cruz Barbosa Reis, Mayara Gomes Rangel, Ariadne Moura Obrigon, Matheus Christian Silveira, Rodrigo Toshio Sakae, Marcio Botter, Vicente Dorgan Neto, Roberto Saad Júnior