TÍTULO

RELATO DE CASO DE CANCER METACRONICO GASTRICO E COLORRETAL

INTRODUÇÃO

O câncer colorretal (CCR) é a quarta neoplasia maligna mais incidente no Brasil. O tempo médio entre o início sintomático e diagnóstico varia de dois a dez meses. Seu diagnóstico em pacientes jovens é geralmente subestimado por ser mais frequente em idosos. A incidência de tumores metacrônicos é bastante variável, entre 0,6 e 8%, sendo que a maioria das lesões é diagnosticada nos primeiros 10 anos após o tumor inicial. Czerny foi o primeiro a descrever carcinomas colorretais múltiplos em 1880. Desde então, numerosas séries de carcinomas sincrônicos ou metacrônicos têm sido publicadas. O câncer gástrico é a quarta neoplasia maligna mais comum em todo o mundo, e no Brasil, é o quinto . O objetivo deste trabalho é apresentar um caso de neoplasia colorretal e gástrica metacrônicos.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 62 anos, história familiar de câncer gástrico, ingressou ao Hospital Nardini com dor em fossa ilíaca direita (FID) havia 12 horas, sem febre, vômitos, ou outras alterações. Apresentava bom estado geral, porém com dor importante em FID e peritonismo local. A laparotomia exploradora foi indicada, mostrou tumor obstrutivo do cólon descendente (três lesões sincrônicas), e necrose com perfuração em cólon ascendente. Optado por colectomia total e ileostomia. Anatomopatológico confirmou adenocarcinoma de padrão tubular moderadamente diferenciado. Fez tratamento adjuvante e após três anos foi indicada a reconstrução de trânsito intestinal. Feito endoscopia digestiva alta por conta de sintomas dispépticos, que evidenciou lesão ulcerada bulbar subestenosante. A biópsia confirmou adenocarcinoma tubular moderadamente diferenciado e invasivo em antro gástrico. O paciente sofreu gastrectomia 4/5, linfadenectomia D2, reconstrução em Y de Roux. O anatomopatológico evidenciou tumor gástrico pT4bpN2pM0. Obteve alta e está em seguimento ambulatorial para novo tratamento adjuvante.

DISCUSSÃO

Tumores sincrônicos são lesões diagnosticadas concomitantemente com intervalo inferior a seis meses, e tumores metacrônicos são diagnosticados com tempo superior a um ano. Os tumores metacrônicos têm sido descritos em incidências variáveis. A frequência aparente sofre influência de diversos fatores: o tempo de seguimento após ressecção do tumor inicial, a realização rotineira de colonoscopia e a inclusão de lesões sincrônicas não diagnosticadas previamente ou de pólipos degenerados. Antecedentes familiares de carcinomas colorretais têm sido relatados entre os portadores de tumores metacrônicos em incidência variáveis como 13% ou 46%. O risco acumulado de desenvolver carcinoma metacrônico varia com o tempo de seguimento pós-operatório, sendo estimado em 4% após 25 anos e em 30% após 40 anos de seguimento. Estima-se que o tempo médio para desenvolvimento de tumores metacrônicos seja de 8,5 anos. Na maioria dos casos, o primeiro carcinoma se localiza no segmento sigmóide-retal. Neste relato nos deparamos com um caso atípico, porém factível de tumor metacrônico gástrico e colorretal.

PALAVRAS CHAVE

NEOPLASIA

Área

COLOPROCTOLOGIA