CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

HERNIA DIAFRAGMATICA CONGENITA DIAGNOSTICADA TARDIAMENTE

INTRODUÇÃO

As hérnias diafragmáticas congênitas (HDC) são o resultado de uma falha na embriogênese do diafragma que permite a passagem de vísceras abdominais ao tórax. A prevalência de HDC é de aproximadamente 1 a 4 por 10.000 nascidos vivos. Na maioria dos casos, 95% dos defeitos são póstero-laterais (hérnia de Bochdalek), mas podem ser retroesternais ou peristernais (hérnia de Morgagni) ou mais raramente, central. A herniação corre à esquerda em 80% a 85% dos casos, enquanto que no lado direito em apenas 10% a 15% dos casos, já a hérnia bilateral ocorre em menos de 2% das vezes. Embora o defeito diafragmático seja cirurgicamente corrigível, a herniação in utero das vísceras resulta em hipoplasia e hipertensão pulmonar, aumentando consideravelmente a morbidade neonatal e são frequentemente fatais.

RELATO DE CASO

Paciente C.G.S, 76 anos, mulher, foi encaminhada ao ambulatório do Serviço de Cirurgia Torácica para seguimento anual por nódulo pulmonar. Apresentou-se sem queixas no momento. Ao exame, bom estado geral, corada, hidratada, acianótica, anictérica, afebril, lúcida e orientada no tempo e espaço. Murmúrios vesiculares sem ruídos adventícios, eupneica. Exame cardiovascular sem alterações. Abdome globoso, flácido, indolor, sem visceromegalias. Negou radioterapia ou quimioterapia adjuvantes. Negou histórico de trauma prévio. Solicitada tomografia computadorizada que evidenciou nódulo calcificado em lobo superior esquerdo menor que 0,4 centímetros e hérnia diafragmática posterior à esquerda. Exame repetido após um ano, sem alterações. Devido à complexidade da cirurgia para correção da hérnia e a ausência de sintomas que a justifiquem, o serviço optou pelo acompanhamento ambulatorial da paciente, que segue sem queixas ou sintomas associados.

DISCUSSÃO

O diagnóstico no adulto das hérnias diafragmáticas congênitas é incomum, sua incidência é relatada como sendo 0,17%, após a fase neonatal, com perfil composto principalmente por homens e hernias do lado esquerdo, sendo que herniações do lado direito estão associadas a pior prognóstico. Esse baixo valor correlaciona-se com as complicações respiratórias perinatais das HDC como hipoplasia pulmonar, redução do volume pulmonar e hipertensão pulmonar, que não passam desapercebidas e fazem a correção da hernia necessária. Muitas abordagens cirúrgicas podem ser utilizadas, por acessos laparoscópicos, abertos ou robóticos, . O caso apresentado demonstra uma apresentação incomum da Hernia de Bochdalek devido ao seu diagnóstico extremamente tardio e ausência de queixas ou deficiências respiratórias, apesar de a lateralidade da hérnia estar correlacionada a pior prognóstico e complicações em eventual herniação.

PALAVRAS CHAVE

Hérnia Diafragmática Congênita, Hérnia de Bochdalek, Bochdalek, Hérnia Diafragmática Congênita em Adulto, Apresentação tardia

Área

TÓRAX

Instituições

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Bruno Derwood Mills Costa Carvalho, Eduardo Pereira Alves, Matheus Christian Silveira, Bianca Ribeiro Rodrigues, Aldo Alfonso Parodi Pita, Vicente Dorgan Neto, Marcio Botter, Roberto Saad Junior