CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO DE CANCER GASTRICO AVANÇADO INOPERAVEL COM POSSIBILIDADE DE TERAPIA DE RESGATE

INTRODUÇÃO

O câncer gástrico (CG) habitual é adenocarcinoma (95%), 5º mais prevalente no mundo. Quando avançado foge do escopo cirúrgico, todavia casos selecionados podem ir a terapia de resgate, tornando-se elegíveis para cirurgia curativa. A mortalidade do CG é alta, 2ª causa de morte por câncer no mundo. No Brasil, é 3ª causa de morte por câncer em homens e 5ª nas mulheres. Uma das principais classificações de adenocarcinoma gástrico é a de Lauren, que os divide em tipo intestinal ou difuso; o tratamento principal é a ressecção do CG3. Atualmente, preconiza-se também o uso de quimioterápicos em CG avançados. Este trabalho objetiva relatar um caso de CG avançado com quimioterapia e cirurgia de resgate oncologicamente planejada.

RELATO DE CASO

Mulher, 36 anos, ingressou ao Hospital Nardini com epigastralgia de 7 meses de duração, perda ponderal de 25kg, náuseas e vômitos. TC abdominal e endoscopia digestiva alta mostraram estômago dilatado, obstrução alta tipo síndrome pilórica. Foi de urgência a laparotomia exploradora e gastroenteronastomose por CG avançado e obstrutivo, irressecável, com implantes metastáticos em retroperitônio, ligamento hepatoduodenal e cabeça de pâncreas (T4N0M1). Biópsia mostrou adenocarcinoma invasivo “anel de sinete” com células pouco diferenciadas. No ambulatório recuperou 16kg em 4 meses. Fez 3 ciclos de quimioterapia neoadjuvante com protocolo ECX – Epirrubicina, Cisplatina, Capecitabina (Estudo MAGIC), com bons resultados (T4N0M0), permitindo a 2ª cirurgia, de cunho curativo. Esta foi gastrectomia total, linfadenectomia D2, e, por invasão tumoral até 2ª porção duodenal, fez-se duodenopancreatectomia, hepatectomia segmentar II e III, colecistectomia, e Y de Roux. Após, fez mais 3 ciclos de quimioterapia (adjuvante), com o mesmo esquema ECX. O anatomopatológico confirmou margens livres de câncer (pT3N0M0). Ela precisou de resgate nutricional, com melhora progressiva. Não houve recidiva oncológica, mas teve momentos de imunossupressão (pela quimioterapia), e insuficiência exócrina pancreática. Morreu 18 meses após a cirurgia, por sepse.

DISCUSSÃO

Segundo Laurel, a paciente apresentava adenocarcinoma gástrico tipo difuso, pouco diferenciado com células anel de sinete. Este não tem caracteristicamente lesão precursora, progride rapidamente, tem alto poder metastatizante e acomete principalmente jovens, como no caso relatado. Nos CG, essencialmente do tipo adenocarcinoma, a gastrectomia com linfadenectomia D2, enquanto ainda factível, é a opção curativa e principal parte do tratamento. No MAGIC, 503 pacientes operáveis foram randomizados em estudo fase III: ou receberam três ciclos de ECX antes e após a cirurgia, ou apenas tratamento cirúrgico. Os do grupo de quimioterapia peri-operatória ganharam 13% na sobrevida em 5 anos. Neste caso, optou-se pelo mesmo esquema, obtendo-se redução tumoral que permitiu o tratamento cirúrgico, com sobrevida de 18 meses, que demonstra um caso selecionado de CG avançado com terapia de resgate factível.

PALAVRAS CHAVE

CÂNCER, GÁSTRICO, TUMOR

Área

ESÔFAGO, ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

HOSPITAL DE CLÍNICAS DR RADAMÉS NARDINI - São Paulo - Brasil

Autores

SILVANA DANIELA CÉSPEDES GÓMEZ, ALEJANDRO DELFOS HERMOZA, ANDERSON LUIS FERREIRA OLIVEIRA JR, ANDRESSA BATISTA VIANA, ESAÚ FURINI FERREIRA BARROS, TAYNARA ROBERTA GUERREIRO PAIVA, EDGARD MESQUITA RODRIGUES LIMA, ALLISON TAKEO TSUGE