CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

ESQUISTOSSOMOSE PULMONAR: UMA RARA CAUSA DE PNEUMOTORAX

INTRODUÇÃO

A esquistossomose está presente em todas as regiões do Brasil, estima-se que cerca de 1,5 milhões de pessoas vivem em áreas endêmicas. Suas manifestações clínicas podem ser divididas em três etapas. O primeiro estágio é caracterizado por uma erupção cutânea pruriginosa no local de penetração da cercária. O segundo, ocorre de três a oito semanas após o primeiro, podendo se manifestar como quadro febril agudo com sintomas inespecíficos. O estágio tardio ou crônico, aparece meses a anos após a infecção, decorrente da formação de granuloma ao redor dos ovos. O acometimento pulmonar é incomum, se manifestando clinicamente de forma aguda ou crônica. Manifestações pulmonares agudas incluem falta de ar, chiado e tosse seca. As manifestações crônicas devem-se à formação de granulomas, levando à fibrose e consequente hipertensão pulmonar e core pulmonale.

RELATO DE CASO

Paciente de 34 anos, sexo feminino, natural da Bahia, procurou nosso Pronto-Socorro queixando-se, há 15 dias, com piora há 2 dias, de dispneia e dor em hemitórax direito de forte intensidade em dorso com piora à ventilação. Relatava tosse seca há 15 anos, queda de 3 metros de altura há 11 meses e ser tabagista. Um mês após o acidente, procurou um hospital com queixa de dispneia, sendo tratada como pneumonia. Ademais, relatou que após 7 meses, houve intensificação do quadro de dispneia, procurando outro serviço, sendo diagnosticada com Pneumotórax, drenada e recebendo alta sem dreno. Retornou 20 dias após a alta, com piora da dispneia, sendo diagnosticado derrame pleural através de uma TC de Tórax, não sendo realizado nenhum outro procedimento neste Hospital. 15 dias após ter procurado aquele serviço, a paciente veio ao nosso PS. Foi medicada, pedida uma TC de Tórax e avaliada pela Cirurgia Torácica. A TC evidenciava: atelectasias laminares esparsas, moderado pneumotórax à direita, apresentando finos septos no seu interior, notadamente no ápice e base pulmonar, com formação de nível hidroaéreo, determinando atelectasia compressiva do parênquima adjacente, notadamente do segmento medial do lobo médio, sem outras alterações. Teve melhora dos sintomas, estável, recebeu encaminhamento para o ambulatório. Foi realizada Broncoscopia, sem alterações. Realizada, então, ressecção em cunha e drenagem do tórax. Paciente evoluiu bem, recebendo alta sem o dreno. O resultado do exame anatomopatológico evidenciou: múltiplos granulomas, alguns com ovo de Schistosoma mansoni, espessamento vascular da camada íntima, bolhas intrapleurais com hemorragia e congestão intensa e áreas focais de colapso pulmonar, sendo diagnosticada Esquistossomose Pulmonar.

DISCUSSÃO

A esquistossomose é prevalente em diversas regiões do mundo, sendo um diagnóstico diferencial a ser pensado em nosso País. Em sua forma pulmonar, a hipertensão pulmonar é a principal manifestação. Nosso caso se destaca como a primeira descrição de S. mansoni causando pneumotórax, sem outros sinais que relacionassem a possível esquistossomose.

PALAVRAS CHAVE

Esquistossomose Pulmonar, Pneumotórax

Área

TÓRAX

Instituições

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Bruno Derwood Mills Costa Carvalho, Eduardo Pereira Alves, Matheus Christian Silveira, Bianca Ribeiro Rodrigues, Rodrigo Toshio Sakae, Vicente Dorgan Neto, Roberto Saad Junior, Marcio Botter, Raphael Sementilli