TÍTULO

METASTASE DE NEOPLASIA RETAL EM EPIDIDIMO

INTRODUÇÃO

Lesões neoplásicas em epidídimo caracterizam evento raro, sendo ainda mais incomuns as primárias malignas ou metástases. No entanto, em até 9,5% elas podem ser o primeiro indício de uma lesão tumoral a distância, de grande incidência, ainda não evidenciada. Como na neoplasia de cólon, que acomete 1,2 milhões de pessoas ao ano. Apresentamos um caso de um paciente cujo diagnóstico de neoplasia de reto ocorreu a partir de um achado ocasional de lesão em epidídimo.

RELATO DE CASO

Paciente 44 anos, sem comorbidades, queixando crescimento de região escrotal direita há alguns meses, sem outra sintomatologia. Ao exame físico hidrocele a direita e massa em epidídimo, indolor, sem outros achados. Solicitado US de bolsa escrotal apresentando massa epididimal, medindo 7x5x3,1 mm de aspecto ovalado, de contornos bem delimitados, textura heterogênea, pouco vascularizada ao doppler. Mediante achados em maioria benignos, decidido por abordagem de hidrocele e avaliação de lesão por região escrotal. No per-operatório, notado hidrocele, implantes em região de túnica vaginal e lesão sem margens definidas, heterogênea, com necrose central e infiltrativa em região de epidídimo até testículo. Feito biópsia de lesão, uma vez que não havia sido discutido com paciente orquiectomia. Realizado Tomografia Computadorizada de abdome que constou nódulos hepáticos, o maior de 15 cm em lobo direito, massas mesentéricas compatíveis com metástases, discreta linfonodomegalia retroperitoneal, e massa na luz do reto médio/distal (6,9x5,6 cm). Ao toque lesão a 7 cm da borda anal, estenosante. Realizado biópsia de lesão por retossigmoidoscopia rígida- sem passagem para colonoscópio. O resultado da lesão em epidídimo foi compatível com adenocarcinoma moderadamente diferenciado, e imuno-histoquímica enfatizando origem colorretal. Enquanto que a biópsia do reto revelou adenoma viloso de baixo grau de displasia. Diagnosticado adenocarcinoma de reto Estadio IV, e iniciado tratamento quimioterápico.

DISCUSSÃO

Tumores de epidídimo correspondem 0,03% de todos os canceres em homens, a maioria são lesões benignas de origem mesotelial. Lesões malignas em epidídimo correspondem de a 3-18% do total se distribuindo entre sarcomas, carcinomas e metástases. As últimas são provenientes principalmente do trato gastrointestinal, próstata, pulmão e rim. O mecanismo ainda é discutido na literatura, podendo ser linfático, sanguíneo ou celômico. As lesões provenientes do cólon, principalmente sigmoide, no Pubmed correspondem a 35 casos descritos até o momento, não havendo relato sobre origem em tumor de reto. Algumas delas sendo a primeira evidência de tumor ou evidenciadas mesmo após colectomia. Demonstrado assim a raridade do caso e a importância de sua publicação, não somente para diagnóstico de tumores ainda ocultos, mas também neoplasias primárias e estadiamento dos pacientes já diagnosticados.

PALAVRAS CHAVE

neoplasia de epidídimo; neoplasia de reto; adenocarcinoma; adenocarcinoma metastático

Área

UROLOGIA