CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

ABSCESSO RETROPERITONEAL SECUNDARIO A APENDICITE AGUDA PERFURADA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O caso relatado a seguir apresenta uma condição clínica muito frequente na rotina da Cirurgia Geral, porém com uma apresentação bastante atípica. Demonstra a versatilidade do dia-a-dia cirúrgico e o quanto o ato operatório pode surpreender o cirurgião nas diversas manifestações clínicas da apendicite aguda complicada.

RELATO DE CASO

Paciente de 42 anos, sexo feminino, previamente hígida, admitida em 07/07/17 com quadro de dor e edema em membro inferior direito há 2 semanas. Negava história de trauma ou qualquer afecção prévia no membro acometido. Exames evidenciavam anemia, desvio leucocitário e elevação de proteína C reativa. Em propedêutica para tromboembolismo venoso, o duplex scan descartou a possibilidade de trombose, evidenciando coleção extensa em região coxofemoral e região inguinal. Tomografia de abdome sugestiva de fasceíte necrotizante em musculatura abdominal e coxofemoral direita. Submetida a exploração de retroperitônio por incisão de Gibson à direita, sem violação da cavidade abdominal. Encontrada grande loja de abscesso e necrose, do polo inferior do rim direito até a raiz da coxa. Identificado apêndice cecal necrótico, com sua ponta perfurando o peritônio e exposta na retrocavidade. Realizada apendicectomia, fechamento do peritônio e higienização exaustiva da loja abscedada, seguida da colocação de dreno túbulo-laminar. Realizada ainda incisão em região anterior da coxa, lateral aos vasos femorais, com acesso à loja de abscesso, com higienização e drenagem com aspiração a vácuo. Encaminhada ao CTI para o pós-operatório, permanecendo em suporte intensivo apenas no 1º DPO. Evoluiu satisfatoriamente, com decréscimo progressivo do débito do dreno, melhora do quadro álgico, tolerância da dieta e retorno das funções fisiológicas. Retirado dreno no 4º DPO, e dreno de aspiração a vácuo no 13º DPO. Realizada ultrassonografia de controle no 7º DPO, que não evidenciou coleções residuais em retroperitônio ou em coxa. Alta hospitalar no 13º DPO, e alta ambulatorial após 2 meses de acompanhamento.

DISCUSSÃO

A apendicite aguda é a causa mais frequente de cirurgia abdominal em todo o mundo. Existem inúmeras formas de manifestação da doença, em vista das variações anatômicas na posição do apêndice cecal. Uma das variações possíveis é a posição retrocecal retroperitoneal, que pode provocar manifestações clínicas inespecíficas, gerando um atraso no diagnóstico e aumento na morbidade do quadro. No caso apresentado, a paciente se manifestou com dor e edema em membro inferior, devido à infiltração do abscesso através do canal femoral. O diagnóstico e o tratamento proposto se deram em tempo hábil, favorecendo o desfecho. A técnica cirúrgica proposta foi outro diferencial no caso. A incisão de Gibson permitiu acesso seguro ao retroperitônio, e o acesso femoral possibilitou a drenagem ampla do abscesso que dissecava a musculatura da coxa. Conclui-se da importância do diagnóstico precoce e da escolha adequada da via de acesso no tratamento da apendicite aguda complicada.

PALAVRAS CHAVE

apendicite

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Hospital Julia Kubitschek - Minas Gerais - Brasil

Autores

PHELIPE GABRIEL SANTOS SANTANA, THAIS ANDRESSA AGUIAR FAIER, LUIS FERNANDO RESENDE MARQUES, RAQUEL FERREIRA NOGUEIRA, FELIPE FIGUEIREDO MACIEL, TARCISIO VERSIANI AZEVEDO FILHO, LARISSA AMARAL CARREGAL, RAPHAEL SEGATO VAZ OLIVEIRA