TÍTULO

ABDOME AGUDO INFLAMATORIO CAUSADO POR HERNIA DE AMYAND

INTRODUÇÃO

Pacientes portadores de hérnia inguinal crônica redutível podem atribuir a sintomatologia aguda como consequência de novo surto de encarceramento, agora irredutível, desencadeando um quadro de abdome agudo obstrutivo. O médico examinador através da anamnese, exame físico e sinais clínicos locais atribui os sintomas ao quadro de estrangulamento podendo ser surpreendido durante o procedimento cirúrgico.

RELATO DE CASO

Admitida no pronto socorro com queixa de dor na região inguinal direita, paciente de 82 anos, sexo feminino, com relato de aumento em abaulamento pré-existente há 10 anos na região inguinal, com hiperemia local, presença de vômitos, e com alteração do ritmo intestinal com parada de eliminação de gazes e fezes há 2 dias. Pelo exame físico foi feita hipótese diagnóstica de hérnia inguinal estrangulada. O exame de raio X simples de abdome apresentava padrão obstrutivo com nível líquido em fossa ilíaca direita. Laboratorial com 15.700 leucócitos e 2 bastões. Submetida a inguinotomia direita sendo achado hérnia inguinal direta com saco herniário habitado pelo apêndice cecal necrosado, perfurado com secreção purulenta local. Realizado apendicectomia e correção cirúrgica da hérnia inguinal pela técnica de Lichenstein. Permaneceu internada por 12 dias devido complicação pulmonar e apresentar pneumonia. Teve alta hospitalar após tratamento. Boa evolução do tratamento cirúrgico.

DISCUSSÃO

O achado do apêndice cecal não inflamado habitando o saco herniário é raro, ficando ao redor de 1%, sendo mais raro ainda na vigência de apendicite aguda (0,1 a 0,13%). O diagnóstico se torna difícil na vigência do relato crônico de encarceramento inguinal redutível e do quadro agudo de obstrução intestinal. O primeiro relato do apêndice cecal ocupando o saco herniário foi em 1735, por Claudius Amyand. O uso de tela de polipropileno na correção da hérnia inguinal com infecção local é controverso devido ser o local previamente contaminado, o que aumenta o risco de infecção e necessidade de reabordagem e retirada da tela, embora no caso relatado, não houve complicações na ferida cirúrgica.

PALAVRAS CHAVE

ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO. HÉRNIA DE AMYAND. APENDICITE AGUDA

Área

MISCELÂNIA