CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

GESTAÇÃO ECTÓPICA ABDOMINAL COM PLACENTA EM SIGMOIDE

INTRODUÇÃO

A gestação ectópica abdominal é aquela que ocorre anatomicamente exterior à cavidade uterina com provável implantação e crescimento de saco gestacional ainda dentro da cavidade abdominal. Esta situação apresenta alta taxa de mortalidade materna e perinatal. Sua incidência varia de 1/10.000 a 1/64.000 nascimentos com um percentual de 0.5% dos tipos de gestações ectópicas, enquanto as outras formas tubárias ou ovarianas correspondem a 96 – 99% dos casos. No Brasil não existem medidas de prevalência regionais ou nacionais. Alguns fatores de risco são: idade avançada, cirurgias pélvicas prévias, infertilidade, doença inflamatória pélvica, endometriose e gestação ectópica pregressa. A morbimortalidade materna é elevadíssima com complicações hemorrágicas do leito placentário. A grande dificuldade do cirurgião no intra-operatório, além de conter o sangramento, é realizar a extração da placenta que comumente encontra-se implantada em vísceras nobres como fígado, baço, bexiga ou até mesmo em alças intestinais.

RELATO DE CASO

Mulher, 24 anos, 40 semanas de gestação, primigesta, no intra-operatório para realização de parto cesareano foi visibilizado útero de tamanho normal, “não gravídico”, e placenta em cavidade abdominal aderida a ovário, trompas e cólon sigmoide. A abordagem foi multidisciplinar (Obstetrícia e Cirurgia Geral). No intra-operatório, o recém nascido foi retirado à termo, 40 semanas, sem intercorrências, apgar 9. Em seguida foi dissecado e retirado todo segmento placentário aderido ao sigmoide. Após o procedimento, paciente foi encaminhada à UTI. Apresentou queda de Hb de 10.8 para 8.9g/dL. No 2º pós operatório a paciente já deambulava, e com 4 dias foi para enfermaria com melhoras das dores e neonato à termo vivo.

DISCUSSÃO

A gravidez ectópica abdominal ao contrário das demais gestações extrauterinas, pode permitir o desenvolvimento do feto até o termo, porém há grandes riscos de malformações fetais. Menos de 50% destas pacientes sobrevivem. Neste relato de caso houve nascimento de termo vivo com 40 semanas com bom escore de apgar 9. Em 40% dos casos o diagnóstico só é evidenciado no intraoperatório, e em aproximadamente 75% dos casos podem ser diagnosticados com ultrassonografia. Neste caso o diagnóstico foi no intra-operatório. Com menos de 24 semanas de gestação abdominal, se diagnosticado por ultrassonografia, é optado por interrupção da gravidez. A conduta pode ser expectante se houver estabilidade hemodinâmica materna, maior de 24 semanas de gestação e inserção de placenta distante do fígado e baço. Neste relato a implantação da placenta era em sigmoide, o que por si só já é bastante raro, ainda mais com feto vivo à termo. Não há ainda relato no Brasil de feto à termo com 40 semanas, nascido vivo em gestação ectópica abdominal. Este trabalho demonstra um caso raro de feto nascido à termo de gestação ectópica abdominal com implantação placentária em sigmoide.

PALAVRAS CHAVE

Gestação; Gestação Ectópica; Sigmoide

Área

MISCELÂNIA

Instituições

Hospital de Clínicas Dr Radamés Nardini - São Paulo - Brasil

Autores

Anderson Luís Ferreira Oliveira Júnior, Mayra Andrea Severich Torrico, Fernanda Iglezias Sacoman Marques, Thalles Raphael Fernandes Chassagnez, Carlos Eduardo Carvalho Sousa, Taynara Roberta Guerreiro Paiva, Andressa Batista Viana, Allison Takeo Tsuge