CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO: ABORDAGEM TERAPEUTICA NA COMPLICAÇAO DE FISTULA QUILOSA EM PACIENTE COM ACESSO VENOSO CENTRAL

INTRODUÇÃO

Relatar terapêutica em caso de fístula quilosa. A Fístula quilosa é uma comunicação anômala do sistema linfático com uma cavidade, víscera oca e/ou meio externo. As etiologias são diversas, sendo uma o trauma pós procedimento invasivo no pescoço, tórax e abdome. A depender da causa-base, diversos sintomas podem ser apresentados. A terapia nutricional é a modalidade de tratamento mais utilizada em fístulas de baixo débito, porém existem as terapias medicamentosa e cirúrgico.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 47 anos, com diagnóstico de doença renal policística, foi submetido a transplante renal à esquerda no dia 29/09/2017, após aproximados 16 meses de hemodiálise. Paciente evoluiu com hipotensão, precisando de acesso venoso central na veia subclávia esquerda no dia 20/10/2017, após falha no acesso do lado direito devido a múltiplas punções decorrentes do tratamento da hemodiálise. Porém, no dia 30/10/2017, houve parada do funcionamento do cateter com ocorrência de edema local e drenagem de secreção turva, sem sinais de infecção. O cateter teve então que ser removido, havendo extravasamento de secreção de textura quilosa no orifício do local de inserção do cateter devido à formação de uma fístula entre o ducto torácico e a pele do paciente. Na ocasião o mesmo encontrava-se eupneico, afebril, hidratado, com bom estado geral, lúcido e orientado em tempo-espaço e hipocorado (++/4). Prosseguiu-se com a coleta e estudo do líquido, o qual não verificou crescimento de microorganismos na amostra, mas evidenciou triglicerídeos acima do normal: 187.8 mg/dL (VR: até 101 mg/dL). No dia 31/10/2017 optou-se por uma abordagem conservadora da fístula, com parada inicial da dieta oral e posterior início de dieta oral hipolipídica com triglicerídeos de cadeia média. No quarto dia de intervenção (03/11/2017), a fístula que inicialmente tinha um débito secretório de 2080 mL, cessou seu extravasamento. Com a conduta realizada houve a resolução dessa complicação que, embora rara (<1%), quando não tratada da forma correta pode se tornar fatal.

DISCUSSÃO

Uma etiologia para as ocorrências de fístula quilosa torácica é o acesso venoso realizado na veia subclávia esquerda, como no caso relatado. A conduta para o tratamento da fístula pode ser conservadora, medicamentosa e/ou cirúrgica. O procedimento cirúrgico envolve a identificação e ligadura do ducto torácico, indicado para pacientes com um débito superior a 600 mL/dia. Contudo, o tratamento conservador, geralmente indicado em pacientes com débito inferior, resultou em um bom prognóstico quando empregado nesse paciente. O débito inicial de 2080 mL foi cessado após três dias de dieta hipolipídica com triglicerídeos de cadeia média, demonstrando a validez da conduta conservadora mesmo em pacientes com fístula quilosa de alto débito. O manejo conservador pode, portanto, ser o tratamento inicial, e por vezes definitivo, em muitos pacientes com essa complicação, reduzindo a morbidade do quadro.

PALAVRAS CHAVE

fístula; quilosa

Área

CIRURGIA VASCULAR

Instituições

UFC - Ceará - Brasil

Autores

Guilherme Cardoso Fernandes, Mikaelle Paiva dos Santos Souza, Patrick Castelo Branco Ramada Campos, Márcio Alencar Barreira, Lessandra Muniz Diógenes de Lemos, Giovanni Lucas da Silva Gonçalves, Breno Wellington Mesquita Silveira, Carlos Eduardo Lopes Soares