TÍTULO

NEOPLASIA PRIMARIA MULTIPLA - ADENOCARCINOMA DE SIGMOIDE E TUMOR NEUROENDOCRINO DE INTESTINO DELGADO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A presença concomitante de tumores em sítios distintos deve ser avaliada com cautela aventando a possibilidade de neoplasia primária múltipla. O aumento da sobrevida da população em geral, vem acompanhado do aumento da incidência de neoplasias múltiplas. Neoplasia concomitante de cólon e intestino delgado são raras.

RELATO DE CASO

Homem de 54 anos de idade, com história de melena e perda ponderal. Colonoscopia evidencia lesão no sigmóide e biópsia confirma diagnóstico de adenocarcinoma moderadamente diferenciado. Estadiamento oncológico com exame tomográfico não apresenta lesões secundárias. Foi submetido à retossigmoidectomia abdominal com identificação de lesão hepática endurecida e com superfície irregular medindo 1,0 x 1,0 cm sugestiva de metástase. O anatomopatológico da peça cirúrgica foi compatível com adenocarcinoma tubular moderadamente diferenciado, T2N2Mx, GII, EC, IIIC, sem mutação do gene k-ras.

Foi submetido a tratamento adjuvante com capecitabina e oxaplatina (8 ciclos). O reestadiamento pós-operatório com RNM confirmou lesão no segmento 6 compatível com metástase hepática, decidido por nova abordagem cirúrgica.

Nesta cirurgia foi identificada de lesão endurada no intestino delgado a 110 cm da válvula ileocecal eleões hepáticos nos segmentos 2, 3, 4a, 4b, 6, 7 e 8. Procedeu-se enterectomia segmentar (30 cm) com enteroanastomose primária e subsegmentectomias dos segmentos 2 e 3, ligadura de ramo portal direito e hepatotomia com linfadenectomia hilar e num segundo tempo procedeu-se a trissegmentectomia direita. O anatomopatológico do intestino delgado foi compatível com carcinoma neuroendócrino (moderadamente diferenciado,ki 67 < 1%, com margens livres) e as lesões hepáticas parte com adenocarcinoma metastático de cólon e parte com metástases de tumor neuroendócrino.

Não foi submetido a novo tratamento adjuvante e está em seguimento há 6 anos sem evidências de lesões nas reavaliações com ressonância magnética de abdome, tomografia de tórax e octreoscan.

DISCUSSÃO

As lesões neoplásicas encontradas durante o estadiamento e/ou seguimento oncológico correspondem habitualmente metástases. Entretanto, ainda que raramente, pode-se surpreender com outro tumor primário. De acordo com Warren e Gates a neoplasia primária múltipla caracteriza-se pelo encontro de tumores histologicamente distintos e não caracterizados como metástase, invasão ou recorrência. Segundo Ferri et al presença de uma neoplasia pode aumentar em 20% o risco de um segundo tumor, o que demanda o seguimento desses pacientes por longo prazo. Nos casos de não resposta ao tratamento quimioterápico e/ou na detecção de novas lesões durante o seguimento, devemos considerar além de possível falha terapêutica e progressão da doença, a possibilidade da presença de outros tumores primários.

PALAVRAS CHAVE

Neoplasia primária múltipla; tumor neuroendócrino; sincrônico; metacrônico

Área

MISCELÂNIA