CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

NECROSE EXTENSA DE NEOESOFAGO POR INGESTAO DE SODA CAUSTICA– RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

As lesões cáusticas e corrosivas do trato digestivo são acompanhadas de morbi-mortalidade elevada, determinam sequelas importantes e exigem procedimentos complexos para seu tratamento. São mais comuns de forma involuntária, na faixa pediátrica, no entanto em adultos mais frequentemente ocorrem de forma voluntária em tentativa de suicídio.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 59 anos, vem a emergência após ter ingerido soda cáustica como tentativa de suicídio. Já havia ingerido a mesma substância 1 ano antes, sendo submetida na época a esofagectomia videolaparoscópica, gastrostomia, esofagostomia e esofagoileocoloanastomose. Estava em regular estado geral, emagrecida, abdome indolor à palpação e sem dispneia. Endoscopia digestiva alta mostrou mucosa de todo o neoesôfago friável, edemaciada, com importante estenose do segmento distal e estômago, não sendo possível passagem de sonda nasoenteral. Paciente apresentou piora do quadro clinico, dor abdominal, febre e taquicardia, sendo optado por realização de jejunostomia. No intraoperatório,observou-se necrose de todo neoesôfago, sendo realizada ressecção do mesmo e esofagostomia. Paciente veio a óbito um dia após a cirurgia.

DISCUSSÃO

As lesões provocadas pela ingestão de cáusticos são relevantes pela importante morbidade e mortalidade que podem condicionar, não apenas na fase aguda, mas também pelas sequelas tardias e terapêuticas associadas que continuam a colocar desafios à sua abordagem. A ingestão voluntária de soda cáustica é mais frequente no sexo feminino, com idade média variável, sendo apontada a 4ª década como a mais afetada. A apresentação clínica é variável e o sintoma mais precoce e frequente é dor em orofaringe, que limita a ingestão alimentar. A manifestação tardia mais comum é a ocorrência de estenose esofágica, cujo pico de incidência se verifica após dois meses, embora possa surgir tardiamente. Existe consenso quanto à necessidade de suporte nutricional adequado nestes doentes, através de sonda nasoentérica, alimentação parenteral total ou jejunostomia. Os tratamentos dependem do grau da lesão, e vão desde uso de inibidores de bomba de prótons nos casos mais leves a esofagectomia quando ocorre necrose extensa do esôfago. No caso apresentado, a paciente apresentou necrose extensa do esôfago na primeira ingestão de soda cáustica, e necrose do neoesôfago reconstruído com o cólon na segunda ingestão cáustica. Não encontramos outros relatos na literatura de necrose de neoesôfago por ingestão cáustica repetida.

PALAVRAS CHAVE

Soda cáustica; neoesôfago

Área

ESÔFAGO, ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

Hospital Militar de Área de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Marina Bertuol, Paula Netto Jaccottet, Eduardo Barcellos Fumegalli