CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

RUPTURA ESPLENICA ESPONTANEA SECUNDARIA A INFECÇAO PELO VIRUS EPSTEIN-BARR

INTRODUÇÃO

A ruptura espontânea do baço (REB) ocorre mais frequentemente associada ao trauma abdominal ou tóraco-abdominal. De difícil diagnóstico, e baixa incidência é fatal em até 20% dos casos. A esplenectomia é preferida na maioria dos casos, exceto em situações muito específicas e em pacientes com estabilidade hemodinâmica, para os quais a conduta conservadora é escolhida.

RELATO DE CASO

RNFC, homem, 20 anos, hígido (sem comorbidades), sem alergias conhecidas, sem histórico cirúrgico ou de trauma recente, iniciou, na noite do dia 13/03/2018, dor abdominal súbita, difusa e de forte intensidade, associada à sensação de peso abdominal, por volta das 20:00h. Foi avaliado três horas após o início dos sintomas e relatou estar em antibióticoterapia para amigdalite iniciada na manhã do mesmo dia. Apresentava odinofagia e linfonodomegalia cervical palpável, desde 12/03/18.
Em exame físico à admissão apresentava-se hipocorado, acianótico, anictérico, afebril. Dados vitais evidenciavam estabilidade hemodinâmica. O exame físico mostrou abdome plano, compressível, difusamente doloroso à palpação, sem foco álgico claro, sem sinais de irritação.
Exames complementares revelaram Hemoglobina de 9,7 g/dL, sem demais alterações detectáveis em exames laboratoriais. Tomografia computadorizada de Abdome apresentou aumento das dimensões do baço, com coleção subcapsular e moderada quantidade de líquido livre abdominal.
Diante dos dados optou-se pela laparotomia de emergência. Foi encontrado hemoperitônio maciço. O baço apresentava-se aumentado de tamanho, com cápsula totalmente rompida e com sangramento ativo no parênquima, sendo assim realizada a esplenectomia. O pós-operatório imediato ocorreu em CTI. Níveis hematimétricos estáveis no pós-operatório.
Foram coletadas sorologias, com resultado positivo para quadro ativo de Mononucleose infecciosa (MI). O Paciente recuperou-se totalmente, recebendo antibioticoterapia profilática e orientações para imunizações, seguida de alta hospitalar no 5º dia de pós-operatório.

DISCUSSÃO

De sintomatologia inespecífica a REB, quadro com alta mortalidade, é subdiagnosticada. As doenças infecciosas (Mononuclesose infecciosa e Malária) e hematológicas (Leucemias e Linfomas) são responsáveis por até 57% do casos de REB. O risco de ruptura esplênica espontânea ou após trauma aumenta quando há comprometimento da cápsula e trabéculas do baço. Quase sempre uma REB é precedida por hematomas subcapsulares.
A MI, causada pelo Vírus Epstein-Barr é frequente em adolescentes jovens. A infecção viral aguda, origina resposta linfoproliferativa com esplenomegalia transitória. A doença tem curso autolimitado, com tempo de duração de até 4 semanas, porém pode complicar-se em 5% dos casos. A ocorrência de dor abdominal no quadrante superior esquerdo, seguida por dor abdominal generalizada, com irradiação para o ombro esquerdo a partir da segunda semana de doença deve ser encarada como suspeita, pois pode indicar REB.

PALAVRAS CHAVE

Ruptura esplênica espontânea; Epstein-Barr

Área

MISCELÂNIA

Instituições

Hospital Lifecenter - Minas Gerais - Brasil

Autores

Michel Dantas Rocha, Amanda de Freitas Fróes, Anna Cecília Santana do Amaral, Luana Modesto Lopes Caldeira, Renato Esteves Leite Júnior