CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO DE APENDICITE DE COTO APENDICULAR

INTRODUÇÃO

A apendicite de coto apendicular (ACA) é definida como o intervalo de
inflamação repetida do tecido apendicular remanescente residual após uma
apendicectomia 1 . A remoção parcial de um apêndice deixa um coto para trás, o
que permite apendicite recorrente. A maioria dos médicos não têm
conhecimento da possibilidade de ACA como diagnóstico diferencial em
pacientes com dor na fossa ilíaca direita (FID) após apendicectomia prévia 2,3 ,
podendo causar um verdadeiro dilema diagnóstico, com atrasos no tratamento
e aumento da morbimortalidade. Em 1945, Rose realiza a primeira descrição de
um caso de ACA em paciente previamente apendicectomizado. 4 É uma
patologia de diagnóstico dificil, principalmente pelo seu antecedente.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 18 anos, apendicectomia há três anos. Procurou
atendimento, com sete dias de dor em FID, de forte intensidade, febre,
calafrios, inapetência e vômitos. Estava em bom estado geral: FC 109bpm, T
38,5ºC. Dor à palpação superficial e profunda em FID, sem peritonismo.
Laboratório: Hb 13,7g/dl, leucócitos 12960/mm³, PCR 21mg/dl. Tomografia
computadorizada de abdome com inflamação da gordura pericecal e da FID, e
linfonodomegalia. Foi iniciado antibioticoterapia e indicada intervenção cirúrgica
de urgência. No intraoperatório havia intensa inflamação no coto apendicular
sem acometimento da base, feita a exérese de coto e invaginação da base
cecal; drenagem de FID. O paciente evoluiu bem, com dreno sacado em cinco
dias, e recebeu alta com oito dias de pós-operatório. Em seguimento
ambulatorial, sem intercorrências. O anatomopatológico confirmou o
diagnóstico de apendicite de coto apendicular.

DISCUSSÃO

Existem poucos casos de ACA descritos na literatura médica. O seu
diagnóstico é difícil pelo histórico cirúrgico, feito por exames complexos, e não
raro no intraoperatório. A ACA é um fenômeno novo predominante em
apendicectomias laparoscópicas 5 . Teoricamente, existe o potencial para um
aumento da incidência na cirurgia laparoscópica, devido à falta da perspectiva
tridimensional, à ausência de feedback tátil, podendo ser deixado um coto
residual longo. Além disso faz-se pouco a bolsa de Oschner. No entanto, 66%
dos casos relatados ocorreram após apendicectomias abertas. Diversos fatores
influenciam: a identificação incorreta da base do apêndice, um apêndice
retrocecal completo ou parcial, apêndice duplicado (cerca de 0,004% das
apendicectomias). Recomendações gerais nas apendicectomias incluem a
correta identificação da base do apêndice, ressecção completa do apêndice ou,
se deixar um coto, deve ter menos de 3mm de comprimento e invaginação
deste mediante bolsa de Oschner. Importante frisar que pela baixa frequência
de apresentação a possibilidade de estudos comparativos de técnicas, ficam
dificultadas.

PALAVRAS CHAVE

APENDICITE, APENDICECTOMIA, RECIDIVA

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

HOSPITAL DE CLINICAS DR RADAMES NARDINI - São Paulo - Brasil

Autores

THALLES RAPHAEL FERNANDES CHASSAGNEZ, CARLOS EDUARDO CARVALHO SOUSA, FERNANDA IGLEZIAS SACOMAN MARQUES, MAYRA ANDREA SEVERICH TORRICO, SILVANA DANIELA CESPEDES GOMEZ, ESAÚ FURINI FERREIRA BARROS, PAULO HENRIQUE NUNES ALVES FERREIRA DE FARIA, ALLISON TAKEO TSUGE